Portugal é dos países preferidos no plano Juncker e recebe mais de 2,1 mil milhões de euros
Passaram cerca de três anos desde que arrancou o chamado Plano Juncker, o Plano de Investimento para a Europa, e Portugal confirma-se como um dos países mais beneficiados, tendo em conta o tamanho da economia.
De acordo com um balanço ontem feito pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker (que dá o nome à medida), Portugal já recebeu ou tem prometidos 2,1 mil milhões de euros em fundos (que na verdade são empréstimos a custo muito baixo, quase zero) que depois é suposto gerarem um total de 6,1 mil milhões de euros em investimento total. Assim é porque a Comissão entra com o dinheiro (cerca de um terço) e este depois tem de ser completado com financiamento privado (dois terços). É essa a filosofia do esquema comunitário lançado em 2015 para reavivar a retoma e o emprego.
Proporcionalmente, face ao tamanho da economia nacional, aquele valor de 6,1 mil milhões de euros em investimento esperado faz de Portugal a oitava economia europeia mais impactada pelo Plano. A Grécia lidera, segundo este critério. Em termos absolutos, a França é quem recebe mais: 10,5 mil milhões de euros em empréstimos que, após fermentar com fundos privados, atingirão 50,2 mil milhões de euros de investimento total.
"Tendo em conta a dimensão das economias, o maior impacto ocorreu nos países mais atingidos pela crise, ou seja, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha. Embora o efeito do investimento direto tenha sido particularmente elevado nesses países, os cálculos permitem concluir que as regiões abrangidas pela política de coesão (na sua maioria países da Europa de Leste) tendem a beneficiar mais de um efeito a longo prazo", observa a Comissão Europeia.
Jean-Claude Juncker, que lidera a Comissão, e Werner Hoyer, presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), a instituição que vai buscar dinheiro barato aos mercados e que depois canaliza para os projetos através dos bancos de retalho, referiram ontem em Bruxelas que, em termos europeus, "foi ultrapassada a meta inicial de 315 mil milhões de euros de investimento [público e privado]", tendo chegado a 335 mil milhões, indica o balanço feito até final de julho.
Além disso, "o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos deverá criar 1,4 milhões de postos de trabalho e aumentar o produto interno bruto (PIB) da União Europeia (UE) em 1,3% até 2020", calcula Juncker.
Os 335 mil milhões de euros que surgem agora associados ao Plano terão gerado 750 mil empregos, calcula Jyrki Katainen, vice-presidente da Comissão responsável pela pasta do Emprego. Até 2020, pretende-se duplicar este valor, portanto, e chegar aos tais 1,4 milhões de postos de trabalho.
Em Portugal, a Comissão destaca os vários projetos por si apadrinhados. A Science4You, que faz brinquedos inovadores, recebeu 10 milhões de euros de empréstimo no âmbito do plano Juncker e os seus planos dizem que vai conseguir chegar a um total de 20 milhões de euros de investimento.
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A fabricante de mosaicos e azulejos Dominó também está na corrida. Ainda não há valores, mas Bruxelas elogia o perfil inovador do negócio e um projeto premiado no qual a empresa participa para fabricar azulejos que produzem energia solar.
Outro projeto já em fase adiantada de construção é o novo campus de Economia da Universidade Nova, em Carcavelos. Recebeu um crédito de 16 milhões de euros que deve gerar 47 milhões de euros de investimento total.
O maior projeto assinado até agora é o da Águas de Portugal, que vai receber um empréstimo global de 420 milhões de euros do BEI (dos quais já terão entrado 220 milhões) para reorganizar e modernizar infraestruturas e saneamento, sobretudo na área da Grande Lisboa. O investimento total esperado ascende a 727 milhões.
Outro vencedor no plano Juncker é a Câmara Municipal de Lisboa, que irá receber um empréstimo de 70 milhões para projetos de "regeneração urbana". Melhorar largos e praças, escolas, equipamentos culturais e a frente ribeirinha e construir "habitação social" valerá, já com a entrada dos privados, cerca de 300 milhões de euros, diz Bruxelas.