Portugal fora da lista verde britânica. "Decisão cuja lógica não se alcança"
Portugal deixou de estar na lista de países sem restrições para as viagens de cidadãos do Reino Unido. A decisão foi anunciada oficialmente pelo secretário de Estado britânico, Grant Sharp, depois de ter sido tomada esta quinta-feira pelo governo de Boris Johnson.
Esta decisão, segundo o governo britânico, inclui os arquipélagos dos Açores e da Madeira, segundo foi esclarecido mais tarde.
"Foi uma decisão difícil", começou por dizer o governante, justificando a decisão de descer Portugal para a lista amarela como uma forma de dar ao Reino Unido "as melhores condições para desconfinar internamente", sendo que "a taxa de casos positivos em Portugal dobrou desde a última avaliação".
Entretanto, através da rede social Twitter, o ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado por Augusto Santos Silva, fez uma publicação onde critica a decisão. "Tomamos nota da decisão britânica de retirar Portugal da lista verde de viagens, uma decisão cuja lógica não se alcança. Portugal continua a realizar o seu plano de desconfinamento, prudente e gradual, com regras claras para a segurança dos que aqui residem ou nos visitam", pode ler-se.
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Portugal passa assim para a lista amarela, o segundo de três níveis de restrições. Na prática, qualquer pessoa oriunda do nosso país que chegue ao Reino Unido tem de fazer dois testes covid-19, um no segundo outro no oitavo dia de permanência no território britânico, ao mesmo tempo tem de ficar de quarentena durante 10 dias. Este tempo de isolamento pode ser reduzido, se as pessoas apresentarem um teste negativo no quinto dia de permanência no Reino Unido.
Tudo indica que esta decisão entrará em vigo a partir de terça-feira para permitir que, quem está em Portugal, possa regressar sem ficar sujeito às novas restrições, embora tenham de apresentar um teste negativo antes de embarcar e outro realizado dois dias depois da chegada ao Reino Unido.
Esta medida irá afetar sobretudo o setor do turismo, uma vez que já eram muitos os britânicos a passar férias no nosso país, pelo que é de esperar um impacto direto na economia portuguesa.
A primeira consequência deste anúncio, que ainda não foi tornado oficial, foi, de acordo com a BBC News a queda das ações das companhias aéreas das agências de viagens.
Portugal era até agora o único país da União Europeia (UE) na "lista verde", que isenta os viajantes de quarentena no regresso a território britânico, em vigor desde 17 de maio.
A lista de destinos seguros é assim reduzida a 11 países e territórios, mas a maioria é bastante longínqua ou não deixa entrar turistas, como Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei e Ilhas Malvinas, restando a Islândia como o destino mais acessível.
Segundo a comunicação social britânica, o Governo britânico não vai adicionar mais nenhum país à "lista verde", nomeadamente Espanha, que eliminou os requisitos de entrada dos britânicos com esperança de estimular o setor do turismo.
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte ainda não confirmaram, mas deverão seguir as orientações.
Na "lista vermelha" estão países para os quais o Governo proíbe viagens devido ao nível de risco, impondo à chegada ao Reino Unido quarentena de 10 dias num hotel designado e às suas custas, além de dois testes PCR, no segundo e oitavo dias da quarentena.
Afeganistão, Sudão, Egito, Costa Rica, Sri Lanka, Bahrain, Trinidade e Tobago vão ser adicionadas a esta lista, adiantou o Daily Telegraph, lista na qual já se encontram o Brasil, África do Sul e Índia, mas também Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial estão na "lista amarela", para onde não é ilegal viajar por motivos não essenciais, como férias, mas é fortemente desaconselhado.
O sistema de semáforo é baseado em quatro critérios: as taxas de vacinação, o número de casos, a prevalência de "variantes preocupantes" e a qualidade dos dados de testagem.
Notícia atualizada às 18:10