Há mais de 10 meses que não havia tantos casos. Incidência a subir
Portugal registou 11 mortes e 5800 casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, indica o boletim desta quarta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Há mais de dez meses que não se registavam tantos casos de infeção, mais concretamente desde 6 de fevereiro, dia em que foram contabilizados 6138 casos. Bem diferente desse dia é o número de mortos que era de 214 e hoje foi de onze.
Lisboa e Vale do Tejo foi a região onde se registaram mais novas infeções, totalizando 2111, seguindo-se o Norte, com 1688, e o Centro com 1223. O Algarve registou 423, enquanto o Alentejo chegou aos 167 casos, na Madeira foram detetados 148 e nos Açores 40.
No que diz respeito a óbitos, no Norte foram declarados cinco, enquanto no Centro morreram três pessoas. Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve reportaram um morto cada.
O boletim diário da DGS mostra também uma redução do número de internamentos, que são 967 (mais 14 do que no dia anterior). Aumentaram em oito também os números de doentes em UCI, que são agora 150.
No que diz respeito à incidência, registou-se também uma subida, tendo passado dos 485,3 para os 508,8 casos de infeção por 100 mil habitantes em todo o território, enquanto no continente passou dos 490,3 para os 514,4.
Já o R(t) baixou de 1,09 para 1,08 em todo o território mas também no continente.
As escolas receberam as orientações da Direção-Geral da Saúde e, de acordo com estas, os alunos apenas deveriam fazer 10 dias de isolamento no caso de terem contactado com um colega que testou positivo à covid-19. A questão é que este prazo está a ser dilatado para os 14 dias, em algumas escolas, para os alunos que não tiveram a possibilidade de fazer dois testes PCR, como impõe a norma da DGS - um ao 5.º dia e outro ao 10.º. Aumentando o isolamento para os 14 dias os alunos já não têm de realizar testes para regressarem.
As escolas justificam-se aos pais dizendo que a decisão foi tomada pela unidade de saúde e que esta irá enviar para cada encarregado de educação via e-mail novos certificados de isolamento a prolongar o prazo, mas na justificação há também uma razão para tudo isto que é "um enorme atraso" na emissão dos códigos de requisição para os testes na plataforma automática dos serviços saúde. As escolas aconselham ainda os pais a fazer a vigilância dos sintomas e, em caso de sintomas, não os devem desvalorizar, contactando de imediato a Linha de Saúde 24.
A situação foi relatada ao DN por pais com filhos numa escola pública de Lisboa, mas não é única. Ou seja, o aumento de dias de isolamento profilático está a ser usado em várias zonas do país para resolver a falta de capacidade da plataforma automática dos serviços de saúde Trace Covid, que deveria emitir códigos com o nome de cada aluno, enviados pela escola, para que estes pudessem realizar os dois testes ou, na pior das hipóteses, apenas um ao 10.º dia.
Isto mesmo também foi confirmado ao DN pelo vice-presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública (APMSP), Gustavo Tato Borges: "A situação não é única. Há várias espalhadas por todo o país. E nem é exclusiva dos alunos, está a acontecer há bastante tempo com qualquer pessoa que é identificada na plataforma Trace Covid como contacto de um caso positivo".
O médico sustenta que o Trace Covid, a ferramenta informática criada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) para registo de casos positivos, de contactos de risco e para a emissão de códigos para a realização de testes, como forma de aliviar a saúde pública de algumas tarefas, "não tem capacidade para responder quando há aumentos significativos de casos. Não sabemos qual é a capacidade diária para a emissão de códigos de testes, mas a verdade é que muitos não conseguem fazer este rastreio pela falta de requisição".
A Organização Mundial da Saúde alertou esta quarta-feira que a percentagem de casos globais da variante Delta do coronavírus está a cair pela primeira vez desde abril, enquanto a Ómicron continua a crescer e já está presente em surtos de transmissão comunitária.
No relatório epidemiológico semanal, a organização destaca que, embora a maioria dos casos da variante Ómicron identificados desde novembro em mais de 70 países estejam relacionados com viagens, já existem fontes de contágio na comunidade.
No documento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a variante Delta, que em meados do ano já era a dominante no mundo e antes da Ómicron chegou a atingir 99,8% dos casos sequenciados, caiu para 99,2% na última medição realizada pela rede global dos laboratórios GISAID, que colabora com a organização.
Dos 879.000 casos sequenciados em laboratório pela rede nos últimos 60 dias, a grande maioria (872.000) ainda era da variante Delta, mas a Ómicron já representava 3.755 casos (0,4%), quando há uma semana essa percentagem era de 0,1 %, indicando rápida progressão.
As evidências atuais, acrescenta o relatório, parecem indicar que a variante Ómicron tem vantagens evolutivas sobre a Delta quando se trata de transmitir e que o faz mais rápido.
Tal situação foi observada não apenas em países com incidência relativamente baixa de casos Delta, como a África do Sul, o primeiro país onde a nova variante foi detetada, mas também noutros onde a Delta estava em níveis elevados, como o Reino Unido, acrescenta a OMS.
Na sua análise à Ómicron, a OMS reitera que a variante parece afetar a eficácia das vacinas contra a infeção e transmissão, aumentando também o risco de reinfecção.
Estudos preliminares independentes da OMS mostraram que a Ómicron reduz a proteção contra a reinfecção de quatro das principais vacinas covid, aquelas produzidas pela Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson (Janssen).
No entanto, a variante não parece afetar a eficácia dos testes de PCR para deteção do vírus, o que pode ajudar a monitorizar a sua evolução. Os tratamentos contra casos graves ou críticos de covid-19 "devem continuar a ser eficazes" contra a Ómicron, indica a OMS.