Incidência dispara em dia com mais 2 371 casos e cinco mortes

Dados da DGS indicam que estão agora 528 pessoas internadas devido à covid-19, das quais 79 em unidades de cuidados intensivos
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Portugal registou mais 5 mortes e 2371 casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira.

Os dados mais recentes mostram que há agora 528 internados (mais 5 que no dia anterior), dos quais 79 em unidades de cuidados intensivos (mais 7).

A incidência continua a aumentar. É agora de 191, 2 a nível nacional e 190,9 no continente. Quanto ao R(t) os valores estão agora nos 1,17 valores nacionais e 1,18 no continente.

Portugal foi dos primeiros países do mundo a atingir uma cobertura vacinal de quase 90%. Um feito que tem permitido que o aumento significativo de casos de infeção que se vem a registar quase há duas semanas não esteja ainda a ter reflexo na gravidade da doença, em termos de internamentos e de óbitos. Ao DN, especialistas que desde o início da pandemia tratam e acompanham a evolução da doença dizem estar garantido que, apesar do aumento de casos, qualquer onda que se venha a gerar não terá o impacto das anteriores. No entanto, e dado a época que se aproxima, o Natal e o Ano Novo, todos concordam que "não podemos manter este ritmo de crescimento" e que "é preciso tomar medidas que travem a propagação". Senão, como explicava ontem ao DN um epidemiologista, se a média a sete dias é agora de quase dois mil casos, em dezembro será de três mil e, embora a doença tenha menos gravidade, mais tarde ou mais cedo, a situação vai refletir-se nos cuidados de saúde".

Portanto, e segundo afirmaram ao DN, na reunião desta sexta-feira entre peritos, Presidente da República, governo, forças parlamentares e parceiros da concertação social, deverá ser feito um balanço do estado em que se encontram os serviços de saúde e a apresentação de, pelo menos, quatro medidas que podem ser tomadas e que "não têm grande interferência no funcionamento da economia e da sociedade". A opinião geral é a de que o regresso ao confinamento "está fora de questão".

Ou seja, por agora, e para travar a propagação da doença basta tornar o uso de máscara obrigatório em espaços fechados, como restaurantes, pastelarias, locais de trabalho, escolas, etc., e até ao ar livre, desde que haja concentração populacional, nomeadamente em eventos desportivos e culturais; o teletrabalho, sempre que possível e sem prejuízo para a atividade empresarial e para a vida das pessoas, de forma a "reduzir-se a mobilidade populacional e os contactos"; e ainda "a redução de lotação em alguns eventos e espaços, se não houver condições para que se mantenha 1,5 m de distanciamento". Há ainda uma quarta medida que, na opinião geral dos especialistas, é fundamental, mas que o governo ontem mesmo voltou a aprovar: "A gratuitidade dos testes antigénio nas farmácias para mais rapidamente se detetar casos, passá-los a isolamento e à vigilância dos contactos."

A covid-19 apresenta características sazonais, com duas ondas anuais no inverno e no verão, estando a começar agora a vaga do inverno do próximo ano, afirmou à Lusa o especialista Henrique Barros.

"Temos dois anos de infeção. Isso já nos permite perceber que a infeção tem uma característica sazonal. Na realidade, tivemos duas ondas no primeiro ano, a de inverno e de verão, e tivemos duas ondas neste ano. Agora irá começar a onda do inverno do próximo ano", adiantou o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Segundo o médico e um dos peritos que hoje intervém na reunião no Infarmed de avaliação da situação da epidemia em Portugal, o vírus continua a circular com um "caráter de sazonalidade" no inverno, por ser um período típico das doenças respiratórias, mas também no verão, devido à grande mobilidade nessa altura do ano.

Apesar disso, Henrique Barros salientou que, no próximo inverno, a pandemia "não atingirá nunca" a situação registada no início deste ano, mesmo sendo previsível que aumentem significativamente as infeções respiratórias, "das quais uma proporção relativamente pequena será de covid-19".

"Existe uma relação clara entre as infeções nos vários países e a proporção de vacinados. Por isso é que Portugal, no conjunto dos países europeus, é dos que tem menos casos e menos mortes", adiantou o especialista, para quem a previsível duplicação do número de infeções não significa que "dobre o número de casos internados".

De acordo com presidente do Conselho Nacional de Saúde, "vale a pena manter algumas medidas de precaução", considerando que a "regra de ouro" é não sair de casa com sintomas de covid-19.

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