No Centro Cultural de Belém discutiu-se a Economia Social e o Emprego, em Portugal e na Europa, num mundo em mudança originada pela quarta revolução industrial: a digital. Defendeu-se uma maior e melhor intervenção estatal, nomeadamente na fiscalização, cujo mote foi dado pela primeira oradora: Paula Guimarães, diretora da Fundação Montepio, que não poupou críticas a governos e a empresários do setor.."É fundamental que a intervenção do Estado se transforme numa participação pedagógica. Tem que estar antes - a acompanhar o nascimento e o crescimento da instituição - e não à posteriori", sublinhou Paula Guimarães. A avaliação, a transparência e a formação dos dirigentes são condições que considera necessárias para uma valorização do setor, que precisa de "ser rejuvenescido", não um rejuvenescimento etário mas de rostos..A dirigente do Montepio não se referiu diretamente ao caso Raríssimas, associação sobre a qual recaem suspeitas de gestão danosa e que está a ser investigada pelo Ministério Público, mas esta esteve sempre presente neste segundo dia de conferências, mesmo que não o referissem diretamente. Mas os oradores foram claros quanto à exigência "de uma ética acrescida"..Paula Baldaia introduziu o tema defendendo que este devia ser discutido, até "para preservar o trabalho feito pelas instituições" da Economia Social, questionando se o Estado deveria ter um papel mais forte como foi defendido esta semana no Parlamento. As intervenções apontaram para essa necessidade ou que pelo menos existissem um outro tipo de intervenção..O ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social defendeu a importância de clarificar a relação do Estado com as instituições, questionado sobre o que faria hoje de diferente: "A Economia Social está sempre a modernizar-se, o que precisa é de organizar-se de forma clara e este é um processo que está a decorrer. Precisa que a relação com o Estado seja cada vez mais sólida e clara, nomeadamente em relação às prioridades e domínios onde essa relação se deve situar". Já não respondeu quando se tratou de falar na situação da Raríssimas. Um caso sobre o qual o CDS considera que Vieira do Silva não respondeu a todas as perguntas na audição de segunda-feira no Parlamento. O partido formulou ontem mais 15 questões ao ministro..Vieira da Silva preferiu sublinhar os benefícios do Pilar Social Europeu, cujo acordo foi assinado dia 17 de novembro em Gotemburgo e que teve como relatora a eurodeputada Maria João Rodrigues. "Estivemos até à 25. ª hora sem a garantia de obter um consenso", disse a política que já tutelou a pasta do emprego. Os dois socialistas têm dúvidas se serão criados mais empregos com a revolução digital do que os que vão ser suprimidos.."É importante garantir que qualquer pessoa tenha acesso a duas coisas básicas: um contrato de trabalho claro e proteção da segurança social ao longo da vida", salientou Maria João Rodrigues. Medidas do Pilar Social Europeu, a par dos direitos das crianças, do emprego jovem, do apoio aos idosos e da conciliação família e profissão. Participou num debate com Marinho e Pinto, eurodeputado do PDR, e Silva Peneda, economista também ex-ministro do Emprego e conselheiro da Comissão Europeia, moderado pelo diretor adjunto do DN Paulo Tavares. Ambos defenderam uma maior rotatividade nos dirigentes das instituições.