Pompeo alerta Portugal contra Huawei. "Mentalidade da Guerra Fria", diz embaixada da China
A embaixada da China em Portugal manifestou esta sexta-feira, em comunicado, a "sua forte indignação e firme oposição contra as palavras do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, sobre a China, anunciadas durante a sua visita a Portugal". "As suas palavras revelaram a mentalidade da Guerra Fria e os preconceitos ideológicos enraizados da parte americana", pode ler-se.
"A parte americana alega que existem riscos com 5G da Huawei. No entanto, até agora nenhum país, nenhuma empresa ou nenhum indivíduo consegue apresentar provas fundadas para justificar a chamada ameaça de segurança da Huawei. Através de manchar deliberadamente a Huawei, a parte americana pretende nada mais do que suprimir a exploração legítima da empresa tecnológica chinesa sob o pretexto de segurança. Temos a expectativa e confiança de que as partes relevantes consigam discernir a intenção verdadeira dos EUA, abandonar a mentalidade da guerra fria e aderir aos princípios de equidade, justiça e não-discriminação, no sentido de impulsionar a cooperação de 5G entre as partes concernentes e construir em conjunto um ecossistema de 5G seguro, aberto, transparente e saudável", acrescentou o representante da Embaixada da China.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, reuniu-se na quinta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmando em conferência de imprensa que aborda a questão da transição tecnológica "de forma muito consistente em todo o lado" para "proteger os interesses dos cidadãos americanos" ao garantir que "a informação só chega onde é seguro". "Reconhecemos a soberania de todas as nações, mas tentámos nos últimos dois anos deixar claro aos nossos aliados os riscos envolvidos", disse Pompeo.
Recuperando a mensagem deixada na quarta-feira pelo presidente norte-americano, Donald Trump, após a cimeira da NATO, em Londres, de que entregar a transição para a quinta geração de telecomunicações à Huawei é um "risco de segurança" para os aliados, Pompeo afirmou que "não é sobre uma empresa em particular", mas um regime, o do Partido Comunista Chinês.
Na resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, assegurou que em qualquer investimento estrangeiro realizado em Portugal o Governo assegura que "a economia está subordinada ao poder político, à ordem política democrática e aos interesses de segurança nacional". "E assim sucederá na área crítica das telecomunicações, designadamente na evolução para a 5.ª geração", frisou o ministro. "Temos neste momento três grandes operadoras em Portugal, uma francesa, outra britânica e outra luso-angolana, e todas têm cumprido a legislação portuguesa e europeia em matéria de segurança nacional", disse.
O ministro sublinhou que Portugal é "um país muito aberto ao investimento estrangeiro", que "muito tem contribuído para o desenvolvimento da economia". Portugal, disse, "orgulha-se" de ter entre os principais investidores "países europeus muito próximos e aliados", entre os quais se contam os Estados Unidos, além do Japão, Coreia do Sul, Angola ou Brasil. Também "investimento chinês importante", em setores como "a eletricidade, energia, banca e seguros", o qual, destacou, "tem até agora cumprido, e cumprirá certamente no futuro, todas as regras da legislação portuguesa e europeia aplicáveis".