Polónia recusa pagar mais remessas de vacinas contra a covid-19
O ministro da saúde da Polónia afirmou esta terça-feira que o seu país vai recusar-se a aceitar ou pagar por mais remessas de vacinas contra a covid-19, pois ainda tem milhões de doses por utilizar.
A Polónia, onde apenas metade da população de 38 milhões de pessoas está totalmente vacinada, disse que a sua decisão pode levar a uma situação legal complicada, já que as futuras doses foram encomendadas pela Comissão Europeia.
"No final da semana passada, invocámos a cláusula de dificuldade e informámos imediatamente a Comissão Europeia e o principal fabricante de vacinas (Pfizer) que nos recusamos a receber as doses e também nos recusamos a fazer pagamentos", disse o ministro da Saúde, Adam Niedzielski, ao canal de notícias TVN24.
"Esta situação levará a um conflito legal", frisou, acrescentando que o acordo foi assinado pela Comissão e pelos fabricantes de vacinas, enquanto a Polónia não estava diretamente envolvida no acordo.
Niedzielski revelou que a Polónia ainda dispõe de 25 milhões de doses não utilizadas, dispensando assim as 67 a 70 milhões de doses adicionais já encomendadas.
Apenas 51 por cento dos polacos estão totalmente vacinados, enquanto 59 por cento receberam apenas uma única dose, de acordo com dados do Ministério da Saúde, que também mostram que a taxa de vacinação caiu significativamente nas últimas semanas.
"Estamos muito desapontados com a atitude da Comissão e dos fabricantes", acrescentou Niedzielski, referindo que a Polónia tentou, em vão, diluir as remessas ao longo de vários anos.
O governante enfatizou ainda os custos envolvidos, num momento em que a Polónia atravessa uma situação financeira complicada devido ao fluxo de refugiados que chegam ao país devido à Guerra na Ucrânia.
Um porta-voz da Comissão Europeia afirmou esta terça-feira que estava ciente da situação. "Os estados membros estão vinculados às suas obrigações contratuais, mas a comissão, é claro, entende a difícil posição em que a Polónia está e continuará a facilitar a discussão entre o governo polaco e a fabricante para encontrar uma solução pragmática", disse Stefan De Keersmaecker aos jornalistas.