Poiares Maduro cancela leitura de César Monteiro
Segundo fonte do seu gabinete, Poiares Maduro já tinha avisado o organizador, Paulo Branco, de que se "houvesse qualquer constrangimento, recuaria". "O ministro quer manter o foco da homenagem em João César Monteiro e por isso, dada a controvérsia, não participará no evento", acrescentou a mesma fonte.
A homenagem organizada - que inclui várias leituras de textos de César Monteiro por várias personalidades - foi alvo de uma carta aberta de protesto assinada hoje no jornal Público por figuras com Manoel de Oliveira (realizador), Herberto Helder (poeta), Pedro Tamen (poeta) e José Mário Branco (músico e produtor).
Para essas "Leituras Improváveis" está também convidada a deputada do PS Isabel Moreira, a atriz Alexandra Lencastre, a psicóloga Joana Amaral Dias, o barítono Jorge Vaz de Carvalho e o arquiteto Manuel Graça Dias.
Na carta aberta lê-se que a sessão de leitura de textos de César Monteiro, revelando uma faceta menos conhecida do realizador, é feita sem ter sido pedida autorização ao filho, "que é quem detém os direitos autorais do poeta-cineasta".
"A haver pedido de autorização para aquele 'momento de arte', a resposta consistiria apenas numa palavra: Não. E assim é, ou foi, que a desfaçatez ganhou direito sobre a decência e o direito", sustentam os autores.
Na carta manifestam sobretudo um "vincado repúdio" perante "uma operação 'política' a todos os títulos repugnante", por incluir o ministro Poiares Maduro a ler "uma carta do César [Monteiro] a um organismo estatal e sabe-se lá mais o quê de igual jaez e esperta solicitude".
Em causa, alegam, está o "intuito subjacente de branquear, neutralizar, festivalar o furor interventivo, manifestamente anti-sistema, do cineasta, assim posto à mercê de tais canibais homenageantes".
Este tributo assinala os dez anos da morte de João César Monteiro, expondo uma faceta melhor conhecida do autor, a de escritor, embora alguns dos seus textos tenham sido publicados, nomeadamente "Corpo submerso" (1959), "Morituri te salutant" (1974) e "Uma semana noutra cidade -- diário parisiense" (1999).
Margarida Gil revelou à agência Lusa que toda a obra escrita de João César Monteiro será publicada "a seu tempo", pela Letra Livre, estando atualmente a ser organizada por várias pessoas, entre as quais o editor Vítor Silva Tavares.
O Lisbon & Estoril Film Festival, que decorre em vários espaços de Lisboa e Cascais, termina no dia 18.
"A haver pedido de autorização para aquele 'momento de arte', a resposta consistiria apenas numa palavra: Não. E assim é, ou foi, que a desfaçatez ganhou direito sobre a decência e o direito", sustentam os autores.
Na carta manifestam sobretudo um "vincado repúdio" perante "uma operação 'política' a todos os títulos repugnante", por incluir o ministro Poiares Maduro a ler "uma carta do César [Monteiro] a um organismo estatal e sabe-se lá mais o quê de igual jaez e esperta solicitude".
Em causa, alegam, está o "intuito subjacente de branquear, neutralizar, festivalar o furor interventivo, manifestamente anti-sistema, do cineasta, assim posto à mercê de tais canibais homenageantes".
Este tributo assinala os dez anos da morte de João César Monteiro, expondo uma faceta melhor conhecida do autor, a de escritor, embora alguns dos seus textos tenham sido publicados, nomeadamente "Corpo submerso" (1959), "Morituri te salutant" (1974) e "Uma semana noutra cidade -- diário parisiense" (1999).
Margarida Gil revelou à agência Lusa que toda a obra escrita de João César Monteiro será publicada "a seu tempo", pela Letra Livre, estando atualmente a ser organizada por várias pessoas, entre as quais o editor Vítor Silva Tavares.
O Lisbon & Estoril Film Festival, que decorre em vários espaços de Lisboa e Cascais, termina no dia 18.