Poemas de Manuel António Pina no dia em que faria 70 anos
Receber estas leituras "sensibiliza-me, fico honrado, fico feliz e é um dia em que lembro ainda mais Manuel António Pina, o seu gato, as suas crónicas, a sua forma de estar, o seu sorriso e olhar acutilante", referiu o proprietário da Livraria Lello, Antero Braga, à agência Lusa.
A leitura de dez poemas de Manuel António Pina em sete locais da cidade por ele frequentados - iniciativa intitulada "7 X 10 - Homenagem a Manuel António Pina" e promovida pelo Museu Nacional de Imprensa (MNI) - passou pela Livraria Lello às 12:30.
"Quando vinha à livraria, cumprimentava-me educadamente e depois percorria-a de lés a lés", contou o proprietário. "Ficava cerca de 20 minutos", procurando "inteirar-se um pouco de tudo. É natural que, nas áreas temáticas que mais gostava, pousasse mais os olhos e folheasse mais", acrescentou.
Para o proprietário do espaço com 107 anos de história, na rua das Carmelitas, Manuel António Pina, "em termos de traços de forma de estar, era um crítico, um homem com um sentido muito apurado da realidade, um observador nato do ser humano".
"Amor como em casa", "A poesia vai", "Separação do corpo" e "Junto à água" foram alguns dos poemas recitados na Livraria Lello, por nove estudantes da Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE), no Porto, e pela atriz de teatro Débora Paiva.
"Todas as suas palavras têm uma força enorme. São palavras que acho que toda a gente entende", explicou a atriz. "Li o texto como eu o sinto, à minha maneira. Se for outra pessoa a lê-lo, de certeza que irá interpretá-lo de outra forma", concluiu.
A iniciativa "7 X 10 - Homenagem a Manuel António Pina" teve início às 10:30 no MNI, com a leitura e impressão de poemas do homenageado numa sessão presidida pelo vereador da Cultura do Porto Paulo Cunha e Silva.
A "onda poética" passou pela Padaria Ribeiro, Livraria Lello, café Piolho, estação de metro da Trindade, terminando nos cafés Orfeuzinho e Convívio onde, pelas 20:00, o ator e um dos diretores da ACE, António Capelo, faz o encerramento da leitura.
Esta iniciativa leva-nos "não só relembrar o Manuel António Pina, como revisitar alguns dos espaços mais emblemáticos da cidade do Porto, que, de alguma maneira, também nos mostrou através da sua poesia", referiu António Capelo.