Diz o partido que a chama que ilustra o seu símbolo pretende simbolizar o "fogo que aquece, de fogueira que reúne à sua volta os membros da comunidade e de presença, que marca uma posição e afugenta os agressores". O tal fogo acolhedor, segundo o Partido Nacional Renovador (PNR), serve apenas para os que cá estão. Já que para os refugiados da Síria e do Iraque - a nova bandeira política dos nacionalistas portugueses - a palavra de ordem é outra: são invasores que preparam um "holocausto islâmico" na Europa, tal como foi dito numa última ação de campanha, junto ao Centro Jean Monet, em Lisboa..Fundado em abril de 2000, o PNR, ao contrário de outros partidos nacionalistas da Europa que cresceram nos últimos anos (França, por exemplo), não tem conseguido captar eventuais franjas de descontentamento nacional, que possam ser canalizadas para um discurso nacionalista. Motivo? "Boicote mediático", diz José Pinto Coelho, presidente do PNR, um designer gráfico que tem sido a cara do nacionalismo nos últimos anos. "Simplesmente, não nos deixam passar a nossa mensagem", acrescenta ao DN. "Os meios de comunicação social estão dominados por grupos económicos mundialistas e antinacionais.".Tudo bem. Mas se o PNR não cresce, porém, há outros partidos e movimentos que, aproveitando as redes sociais (Facebook e Twitter, essencialmente) têm feito um percurso de crescimento sustentado. "Nem toda a gente vai à internet", diz Pinto Coelho, afirmando que a luta do PNR é contra "a maçonaria, lóbi gay e a sociedade altamente corrupta"..Mas é com a crise dos refugiados que o PNR pretende navegar durante a campanha eleitoral. Aliás, o único cartaz deste partido, em Lisboa, salienta, precisamente, isso: "Refugiados aqui, não". Na ação em frente ao Centro Jean Monet, a representação da Comissão Europeia em Portugal, militantes anónimos iam gritando: "Não queremos as nossas netas de burka e a levar pancada dos maridos"; "O que está em marcha é uma invasão. Invasão é a palavra"; "O futuro é o caos, um holocausto islâmico na Europa"..Quanto ao holocausto...O melhor é ler as palavras de João Patrício, secretário-geral do PNR e cabeça de lista por Setúbal: "Os invasores devem ser devidamente registados, tratados e repatriados." Mas não há o mínimo de sensibilidade para uma questão humanitária? José Pais do Amaral, vice-presidente do partido, respondeu durante a sua intervenção na manifestação de Lisboa: "Não somos animais. Temos um fator humano, mas primeiro estão os portugueses." José Pinto Coelho espera um dia eleger um deputado à Assembleia da República, "passar dos 0,3% para os 3%", e aí sim, ter uma voz permanente com espaço e capaz de passar a mensagem. Talvez, nesse dia, o partido "passe a contar" para fazer uma coligação. "Nunca. Não fazemos coligações com partidos antinacionais", rematou de pronto o presidente do PNR..Em matéria de programa político, o PNR apresenta algumas contradições: por um lado, o partido considera que "não deve haver presença do Estado na qual ela não seja realmente necessária. Deve haver lugar à iniciativa privada e respeito pela propriedade privada". Ao mesmo tempo defende ser necessário "programar, a prazo, a renacionalização da GALP, EDP, REN, PT, TAP, CP, Brisa e outras"..Quanto ao país, o PNR pretende "uma mudança profunda, que defenda um novo regime de cariz Nacional e Social no qual se promova a Soberania, a Identidade, a Justiça Social e o Espírito de Serviço à Comunidade" ou, como é referido no seu programa político, o PNR quer "sentir em português e pensar em português o que só em português pode e deve ser sentido e pensado".