Plataforma para autotestes já recebeu 522 resultados, 51 positivos
A venda de autotestes nas farmácias e nas parafarmácias começou no dia 2 abril e com o objetivo de reforçar a testagem massiva que ia ser iniciada em várias áreas da sociedade, como ensino e empresas, para se tentar controlar a incidência da doença a cada passo do desconfinamento. Segundo o balanço das farmácias, na primeira semana foram vendidos cerca de 100 mil autotestes, mas a venda acabou por estabilizar e a média de venda diária é agora de cerca de 20 mil autotestes.
As parafarmácias das grandes superfícies não divulgam tais números, apenas o Grupo Auchan referiu ao DN ter vendido cerca de 13 mil autotestes nos seus espaços de norte a sul do país. "Desde 6 de abril, data de início da venda, que foram vendidos mais de 13 mil autotestes nos pontos de venda da Auchan", sendo que estes testes são também vendidos online.
Nada pode obrigar a que um cidadão, que faz um autoteste, comunique o seu resultado à Linha SNS 24, como era feito até quinta-feira da semana passada, ou a registá-lo a partir deste dia na plataforma eletrónica criada para este efeito. Mas, e como alertava ao DN o coordenador da task force para a testagem, o diretor do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, no momento em que esta foi criada, tornou-se da maior importância que todos o façam, pois só assim seria possível isolar os casos detetados e travar novas cadeias de transmissão. Na altura, Fernando Almeida referiu: "Confio nos portugueses, não quero acreditar que um cidadão é responsável para fazer um autoteste, mas depois não comunica o resultado."
Até agora, a Linha SNS 24 só recebia a notificação de resultados positivos e inconclusivos, que encaminhava para um centro de testagem hospitalar para ser feito um teste de RT-PCR, para confirmar o resultado positivo. A partir de quinta-feira, a plataforma eletrónica regista todos os resultados de autotestes realizados, sejam negativos, positivos ou inconclusivos.
E, segundo apurou o DN junto dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), desde a tarde de quinta-feira e até às 23h59 de domingo foram registados nesta plataforma 522 resultados, 51 positivos - uma positividade de cerca de 10%. No entanto, a Linha SNS 24, desde o dia 2 abril, data que marcou o início da venda de autotestes no país, "registou 1060 contactos de utentes assintomáticos que comunicaram resultado de autoteste positivo ou inconclusivo" até ontem, refere a resposta do SPMS ao DN, explicando que "quando os utentes transmitem um resultado inconclusivo ou positivo é-lhes emitida automaticamente uma requisição de teste laboratorial covid-19 RT-PCR".
Há duas semanas, após a saída à rua dos adeptos do Sporting para festejarem a vitória do campeonato, a Direção-Geral da Saúde emitiu uma recomendação no sentido de os participantes neste evento, que registassem sintomas, fazerem um teste na farmácia ou um autoteste, já que não iria haver testagem em massa para esta situação.
O DN questionou as parafarmácias dos grupos das grandes superfícies e só o Pingo Doce diz ter registado uma procura superior em 50% à normal desde que se iniciou a sua venda. "O Pingo Doce registou um aumento de cerca de 50% nas vendas dos autotestes à covid-19, nos dias seguintes à vitória do Sporting", refere a resposta ao DN, acrescentando que "o aumento da procura foi sentido em várias zonas do país, mas com especial incidência nas lojas da Grande Lisboa".
O grupo das parafarmácias da Well"s também sentiu "alguma procura nas lojas da Grande Lisboa", mas "não foi representativa, para se poder afirmar que houve uma procura elevada de testes por parte dos adeptos". Segundo o grupo Auchan, "a procura de autotestes à covid-19 esteve em linha com o habitual, não se tendo registado qualquer acréscimo de vendas".
O DN fez a mesma pergunta à Associação Nacional das Farmácias sobre as vendas pós-festejos do Sporting, mas não obteve resposta. Até este domingo, e segundo anunciou a DGS, apenas tinham sido detetados 20 casos de covid-19 associados aos festejos, embora pudessem existir outras situações ainda não identificadas. Para Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o impacto deste evento não seria significativo na doença.