Pico de contágio da Ómicron entre o terceiro e sexto dia após infeção
O pico da transmissão da variante Ómicron dá-se entre o terceiro e o sexto dia depois de um teste positivo à covid-19. Esta é pelo menos a conclusão de um estudo do Instituto de Doenças Infecciosas do Japão, publicado na revista britânica BMJ. Uma conclusão que, de alguma forma, coloca em causa o período de apenas cinco de isolamento que é praticado em alguns países.
Os investigadores responsáveis por este estudo asseguram que a quantidade de ARN viral do coronavírus é mais alta entre o terceiro dia e o sexto dia de infeção e do surgimento de sintomas. Ou seja, isto significa que o pico do contágio dá-se precisamente até à véspera do final do isolamento de sete dias que é imposto em Portugal e em vários países europeus. Nalguns casos, existem países, como o Reino Unido e os EUA, onde o isolamento é de apenas cinco dias.
Estudos anteriores sobre a mesma temática, mas relativamente a outras variantes do vírus, indicavam que o pico da transmissão dava-se dois dias antes do surgimento de sintomas e três dias após a infeção.
Em declarações à revista BMJ, Paul Hunter, professor de Medicina da Universidade de East Anglia, nos EUA, e um dos maiores defensores da redução do tempo de isolamento - nos EUA e no Reino Unido são apenas cinco dias -, diz que este estudo "vem baralhar as águas". "Ainda estou a trabalhar nas evidências a favor e contra, já que o estudo japonês mudou o que era o nosso entendimento", referiu.
Recentemente, o Reino Unido decidiu, à semelhança de outros países, reduzir o período de isolamento de casos decCovid-19 positivos para cinco dias agora que a vacinação de reforço foi disponibilizada para jovens de 16 e 17 anos.
As pessoas infetadas residentes em Inglaterra podem sair da quarentena após cumprirem cinco dias de isolamento completos, desde que possuam teste negativo.
Em Portugal a situação é diferente. No dia 31 de janeiro, a Direção-Geral da Saúde anunciou que o período de isolamento de pessoas infetadas assintomáticas e contactos de alto risco passava de 10 para 7 dias.
Em comunicado, a DGS explicava que a decisão estava "alinhada com orientações de outros países e resulta de uma reflexão técnica e ponderada", tendo em conta o período de incubação da variante Ómicron".
Nesse mesmo dia, em entrevista à RTP 3, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, indicou que a redução para cinco dias do período de isolamento estava "em aberto".Graça Freitas fez questão em sublinhar que o novo período de isolamento (sete dias) apenas se verifica para a variante Ómicron , "um dia que surja uma nova variante temos de adotar novamente o sistema com novos paradigmas de resposta"