A maior parte dos empréstimos à habitação está atualmente concentrada nos que têm entre 35 e 45 anos, mas daqui a menos de uma década a maior fatia deste crédito estará a cargo dos que terão mais de 45 anos. .Esta evolução será mais ou menos acentuada consoante se mantenha ou não o cada vez mais reduzido ritmo de procura deste tipo de crédito por parte dos mais novos. Somada a regras de cálculo de pensões que no futuro darão origem a reformas menos generosas do que as atuais, este cenário deve constituir um aviso para as pessoas pensarem em alternativas de poupança que lhes garantam rendimento quando deixarem de trabalhar..O problema de se chegar à idade da reforma ainda a fazer contas às prestações de um empréstimo não se colocará tanto por causa do nível das taxas de juro, mas mais pela redução de rendimentos que ocorrerá entre a saída da vida ativa e a entrada na reforma..Estudos promovidos por várias organizações e instituições têm alertado para o facto de o agravamento do rácio entre ativos e reformados poder trazer dificuldades à sustentabilidade do atual sistema de pensões - na medida em que cada geração de reformados tem as suas pensões financiadas pelos que estão a trabalhar. Basta lembrar que nos anos 80 existiam em média 5,4 pessoas em idade ativa por cada idoso e que atualmente são 3,3. Em 2050 este rácio deverá ser de 1,8. .[destaque:Valor das pensões futuras será menos generoso do que o atual].Perante todo este enquadramento, "a não acumulação de riqueza ao logo da vida ativa implicará uma perda de bem-estar muito significativa na passagem à reforma", salientam os autores do estudo "Poupança e financiamento da economia portuguesa", que equacionam várias soluções de promoção de poupança. .Fernando Alexandre dá o exemplo de pessoas que têm agora 40 anos e que pediram empréstimos a 30 e 35 anos de prazo - vão chegar à reforma ainda a pagar esses empréstimos. Só que, nessa altura, o seu rendimento será bastante mais baixo e muitos não se terão ainda apercebido do problema, avisa..Com o objetivo de contrariar os problemas causados pela baixa taxa de poupança, o estudo propõe várias soluções, desde logo a promoção de inquéritos periódicos aos hábitos de poupança dos portugueses. Seria uma forma de perceber que tipo de produtos financeiros poderiam chegar a um maior número de pessoas e alargar o leque dos que poupam..Um país que no passado recente assistiu à saída de muitos dos seus jovens mais qualificados deveria também apostar em produtos que os atraíssem e incentivassem a enviar para Portugal parte do rendimento. A criação de Planos de Poupança Emigrante poderia ser uma forma de o fazer. Para quem cá está mas acaba muitas vezes vencido pela natural inércia na resolução destas questões, o estudo propõe o desenho de produtos de poupança automáticos - dirigidos a aumentos salariais ou a prémios.