Desde 14 de agosto, quando foram desmantelados os acampamentos de protesto da coligação anti-golpe no Cairo, numa ação que provocou centenas de mortos, que o exército e a polícia têm autorização para disparar sobre qualquer manifestante que demonstre um atitude hostil. .Desde então, a maioria dos protestos, em geral organizados pela Irmandade Muçulmana, tem sido dispersada de forma violenta. .Uma pessoa foi apunhalada mortalmente em Alexandria (norte) durante confrontos entre manifestantes e residentes locais, que também provocaram pelo menos cinco feridos. As forças de segurança acabaram por intervir e detiveram 15 pessoas. .Confrontos na província de Damieta, no delta do Nilo, também provocaram um morto e sete feridos, enquanto no bairro de Maadi, no Cairo, e em outras regiões do país decorreram desfiles sob o lema "O povo protege a sua revolução", sem registo de incidentes. .Ainda na capital, milhares de islamitas bloquearam o tráfego nos arredores da praça de Guiza (sudoeste), para onde se dirigiram exibindo bandeiras e cartazes amarelos com uma mão com quatro dedos erguidos, à exceção do polegar. .Este símbolo, que se tornou uma referência nos protestos islamitas, recorda os acontecimentos na praça de Rabea (quatro, em árabe), onde os islamitas foram desalojados a 14 de agosto durante uma intervenção militar e policial que provocou pelo menos 600 mortos. .A Irmandade Muçulmana continua a insistir desde há três semanas em mobilizações de rua "pacíficas", geralmente convocadas após as orações de sexta-feira, o dia sagrado do islão. .No entanto, os protestos mobilizam agora alguns milhares de pessoas, quando reuniam centenas de milhares antes dos acontecimentos de 14 de agosto. .O Governo interino, instalado pelos militares após a destituição do primeiro chefe de Estado egípcio eleito democraticamente, tem acusado a Irmandade Muçulmana de "atividades terroristas", e foi ordenada uma vaga de detenções sem precedentes que atingiu a liderança do movimento, desde o guia supremo Mohamed Badie aos quadros locais, incluindo em povoações do interior do país. .Na quinta-feira, o ministro do Interior Mohamed Ibrahim, considerado um dos "falcões" do Governo, escapou ileso no Cairo a um atentado com viatura armadilhada, e de imediato prometeu reprimir "com mão de ferro" qualquer ameaça à "segurança nacional". .Ibrahim, um dos ministros que manteve o seu posto após o golpe de 03 de julho, prometeu ainda que as autoridades não vão permitir "um regresso ao terrorismo das décadas de 1980 e 1990".