Pelo menos 18 edifícios e estruturas foram demolidas por Israel na Cisjordânia ocupada
As forças armadas de Israel demoliram esta quarta-feira pelo menos 18 edifícios e estruturas na Cisjordânia, após a decisão do Supremo Tribunal israelita que forçou a saída de cerca de 1.000 palestinianos, segundo um grupo de direitos humanos.
A organização não-governamental (ONG) dos direitos humanos B'Tselem declarou, num comunicado, que a Polícia de Fronteira e soldados demoliram hoje um total de 18 estruturas, incluindo 12 edifícios residenciais, em aldeias nas colinas ao sul da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada.
As demolições ocorreram uma semana depois de o Supremo Tribunal israelita confirmar uma ordem de expulsão, que forçou a saída de moradores de comunidades beduínas em Masafer Yatta, onde estes dizem viver há décadas. Os militares declararam a área como zona de tiro no início dos anos de 1980.
Com a decisão, o tribunal encerrou uma batalha jurídica que durou mais de 20 anos e que implica a deslocação forçada de milhares de palestinianos da área conhecida como Masafer Yatta.
A decisão judicial, adotada por unanimidade, indica que os queixosos palestinianos não conseguiram provar que residiam permanentemente nessas aldeias antes de o exército declarar aquela área como zona de treino de tiro, conhecida como Zona 918, em princípios da década de 1980.
Durante o julgamento, os palestinianos asseguraram que a sua presença nessas aldeias remonta há décadas, ao passo que o exército argumentou que eles apenas ocupavam aquelas terras de forma ocasional durante as migrações dos seus povos nómadas, o que significa que não tinham direitos sobre a terra.
Desde o início desta disputa nos tribunais israelitas, em 1999, os palestinianos da Zona 918 viveram sempre em condições precárias, já que as autoridades sistematicamente ordenaram a demolição de qualquer casa que fosse construída na área, assim como de instalações de redes de eletricidade e de saneamento.
Depois de uma operação de demolições em massa, os residentes palestinianos recorreram aos tribunais, num longo processo judicial que se prolongou até agora.
A área, que ocupa 3.300 hectares, é formada por colinas e encostas junto à cidade palestiniana de Masafer Yatta, próxima de Hebron, onde nos últimos anos proliferaram vários colonatos judeus e postos militares israelitas.
A diplomacia da União Europeia (UE) condenou, na terça-feira, as "demolições e expulsões ilegais" de cerca de 1.000 palestinianos nas colinas do sul de Hebron, na Cisjordânia, decretada pelo Supremo Tribunal israelita para uso desses terrenos para treino militar.
"A expansão de povoações, demolições e expulsões são ilegais ao abrigo do direito internacional. A UE condena tais possíveis planos e insta Israel a cessar as demolições e despejos, em conformidade com as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional e do direito internacional dos direitos humanos", declarou, em comunicado, o porta-voz do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.