Pedro do Carmo: "O único caso da PJ em que não há respostas"
Recentemente considerou, numa entrevista à Lusa, que o caso Maddie era a "pedra no sapato da PJ". Mas não é o único desaparecimento que ficou por resolver no país pois não?
Não, mas há uma diferença. É caso único porque dez anos depois do desaparecimento de Madeleine McCann a Polícia Judiciária continua sem saber o que aconteceu. Nos outros casos de desaparecimentos de menores, como o de Rui Pedro [desapareceu a 4 de março de 1998, tendo Afonso Dias sido condenado a pena efetiva de três anos de prisão, que começou a cumprir em março de 2015], por exemplo, a PJ conseguiu apurar o que se passou e trazer à justiça os responsáveis pelo desaparecimento. Em casos mais recentes, foi o que se passou com o bebé na Madeira, que esteve desaparecido três dias, e com a criança de dois anos, de Ourém (Leiria) que reapareceu depois de se ter afastado uns quilómetros de casa dos avós. Houve alguns processos de menores desaparecidos em que não foi possível levar os responsáveis à justiça mas apurou-se o que aconteceu. Porém, no caso Maddie não há certezas sobre nada.
O inquérito foi reaberto em 2013 na secção de Portimão do DIAP de Faro mas é uma equipa da diretoria da PJ do Porto que está a investigar. Porquê?
Solicitámos uma equipa da Polícia Judiciária do Porto porque era experiente em investigações de desaparecimentos e porque poderia trazer um novo olhar de quem nunca tinha tido contacto com a investigação original e estava até geograficamente distante do local onde ocorreram os factos. Queríamos investigadores com uma visão distanciada e não condicionada.
Porque foi importante reabrir o inquérito, que estava fechado?
Achámos que tendo o tempo decorrido e com a imensa quantidade de material recolhido pela equipa original da investigação, era importante olhar novamente para os indícios e apurar se havia alguma informação que nos tivesse escapado ou se à luz dos factos novos haveria algo antigo que ganhasse importância.
E há algum prazo estipulado para a conclusão desse inquérito?
Não temos um prazo definido porque não sabemos o que se passou. Se tivéssemos a certeza de estarmos diante de um determinado crime já teríamos um prazo para respeitar. Mas assim não nos podemos comprometer com limites de tempo para o inquérito. O prazo é o de obter resultados. Pelo menos até conseguir algumas respostas ou chegar a um ponto em que assumimos que já não é possível fazer mais.
A investigação ainda vai ouvir testemunhas antigas ou novas?
Não posso entrar nesse detalhe porque estaria a revelar pormenores da investigação.
Mas qual o ponto da situação deste inquérito? Há factos novos ou esperança de se vir a perceber o que se passou?
Ainda há trabalho a realizar. Não chegámos a um ponto de ter as respostas para as perguntas que fizemos mas também ainda não chegámos ao ponto de concluir que já nada mais é possível fazer.
Entretanto, decorre em Inglaterra a investigação da Metropolitan Police. As duas polícias têm partilhado informação?
Sim, os ingleses têm a sua própria investigação mas há uma troca regular de informação e contactos frequentes entre as duas polícias. A relação atualmente é de franca cooperação e bastante positiva. Há uma troca regular de informação entre a Polícia Judiciária e a Metropolitan Police, sobre novos factos ou diligências.