Passos e Portas: Somos nós, ou o caos!
A "onda" para a maioria tinha começado, de forma simbólica, esta manhã, num passeio na ria de Aveiro, quando Pedro Passos Coelho e Paulo Portas navegaram num moliceiro de nome "Onda Colossal". Mas foi esta noite, que os líderes da coligação não deixaram dúvidas sobre os objetivos estratégicos para a segunda semana de campanha. "Soubemos nestes 4 anos o quanto foi indispensável a maioria de governo", frisou Passos. E começou a traçar cenários: "Suponhamos que a seguir eleições não exista uma maioria no parlamento. O orçamento de Estado não teria a possibilidade de ser aprovado. Já foi dito pelo líder maior partido oposição que, se perder e nós não tivermos maioria, o orçamento não passará porque o PS votará contra. Sabem o que aconteceria se chumbasse? Em primeiro lugar, o governo parava porque não tinha o instrumento essencial para governar, depois, as agências de rating que estão à espera de saber se vão ser mantidas as mesmas políticas, para o país continuar a recuperar e a sair do défice excessivo, diriam que o país não tem condições para se governar e atingir as metas definidas. E isto quereria dizer que todos os sacrifícios que fizemos até hoje seriam desperdiçados, que haveria instabilidade económica e financeira e que, não tendo o governo condições para governar, outra alternativa não existiria se não convocar novas eleições. E o país voltaria ao tempo da crise política". Continuou o cenário "negro". "Devo dizer-vos de forma cristalina. Depois do Dr. António Costa ter prometido chumbar o orçamento, nada o impediria de chumbar o nosso programa, que é essencial para a recuperação económica e a justiça social. Lamento dizer que, nestas condições, só há uma forma do país se livrar da crise politica: é conferir à coligação a maioria no parlamento".
Antes, com "muita humildade", como fez questão em repetir três vezes, dirigiu-se "especialmente" aos que deram a maioria ao PSD e ao CDS em 2011. Numa espécie de réplica do muito antigo programa "Perdoa-me", Passos reconheceu que muitos desses eleitores estiveram "na primeira linha dos grandes sacrifícios, como os pensionistas, os funcionários públicos, os jovens, as pessoas desempregadas, que tinham formado a expetativa que, nos últimos 4 anos as coisas pudessem ser diferentes". No entanto, garante, esses anos "não foram em vão. Por isso dizemos que o país não falhou, que não falhámos aos portugueses e que Portugal está em condições de encarar o futuro com outra esperança". Passos Coelho socorreu-se dos resultados divulgados hoje sobre a execução orçamental, para valorizar o trabalho do Governo, na diminuição da despesa do Estado, "apesar de estar em ano eleitoral". E deixou um "compromisso" em relação aos "mais sacrificados" pela política de austeridade: "Se estiveram na primeira linha dos maiores sacrifícios, é justo que possam estar na primeira linha da nossa preocupação, agora que o pais está a recuperar e que estejam entre os primeiros beneficiários da recuperação económica. Parece-me de elementar justiça que os que mais sofreram, sejam os que mais possam beneficiar do arranque da nossa economia e que, nos próximos 4 anos, tenham melhores condições para realizar nas suas ambições".
Antes, pragmático, Paulo Portas, também fez o seu prognóstico político."Há dois tipos de maioria. A positiva, que dá garantias de um governo estável, mais confiança, mais investimento e maior criação de emprego. Diferente é o risco da maioria negativa, PS, PC e Bloco, que nunca serão capazes de formar um governo estável, porque são contraditórios entre si, desde logo sobre o Euro e a União Europeia". E concluiu: "Se não houver uma maioria positiva, Portugal fica nas mãos de uma maioria negativa, de instabilidade, do bota-abaixo. É preciso alertar os portugueses! Não por nós, mas pelo interesse de Portugal".