Parlamento chumba pesar pelos que "morreram na defesa da autodeterminação tibetana"
O Parlamento chumbou um voto de pesar "por todos os que morreram na defesa da autodeterminação tibetana", que foi proposto pelo PAN. Num texto em que se expressava ainda "a solidariedade ao povo tibetano", as bancadas do PSD, PS e PCP votaram contra, enquanto o CDS se abstinha e só o BE e PAN votaram a favor. Entre os socialistas, houve 11 deputados que se abstiveram e três que votaram a favor; nos centristas, 4 votaram a favor, tal como a deputada social-democrata Paula Teixeira da Cruz.
O deputado único do PAN, André Silva, criticou em termos duros o facto da mesa da Assembleia da República não ter permitido a leitura na íntegra (apenas foi lido o parágrafo final, sobre a parte do "pesar"), quando momentos antes um voto idêntico - proposto pelo presidente da Assembleia da República - de "pesar e condenação pelo atentado" na Nova Zelândia ter tido a sua leitura na íntegra.
Ferro Rodrigues garantiu que a decisão foi tomada por consenso entre os grupos parlamentares, desafiando o deputado a recorrer para o plenário desta decisão. André Silva propôs essa leitura, mas nenhuma bancada o acompanhou. O texto ficou assim resumido, na leitura, ao referido último parágrafo.
De acordo com a declaração de voto do PS, distribuída aos jornalistas, não foi possível assegurar, em sede de Comissão de Negócios Estrangeiros, "uma discussão com vista à consensualização de uma tomada de posição abrangente em torno do tema". Por isso, o PS disse não poder acompanhar favoravelmente o voto.
Na proposta do PAN, à passagem dos 60 anos da luta tibetana contra a ocupação chinesa, defende-se que "a situação dos direitos humanos no Tibete diminuiu drasticamente nos últimos anos, com os direitos fundamentais à liberdade de expressão, reunião pacífica, religião e privacidade altamente restringidos" e que, "pelo quarto ano consecutivo, o Tibete foi classificado pela ONG independente Freedom House como o segundo pior lugar do mundo em termos de liberdade e direitos humanos, logo a seguir à Síria".
Desde 30 de janeiro e até 1 de abril, o território está praticamente fechado, denuncia o PAN, com "restrições que não são novas": "O Tibete está quase totalmente fechado a jornalistas estrangeiros, diplomatas e peritos da ONU, o que torna extremamente difícil obter informações sobre as condições reais existentes."
Como defende o texto de André Silva, "apesar da dura repressão e da ameaça de prisão, desaparecimentos, tortura e assassinatos", a luta dos tibetanos "continua até hoje forte e a encontrar outras formas de se defender por meio de ações de resistência cultural, afirmações de identidade nacional e defesa ambiental".