Parabéns B.leza, casa da Lisboa Mulata

Na verdade, aniversário só a partir da meia-noite, mas a festa começa hoje às 22.30 para celebrar os 19 anos da casa de música mais africana da noite lisboeta.
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Foi no largo do Conde Barão que tudo começou. Entrava-se no palácio Almada Carvalhais e "subiam-se as escadas, à esquerda a primeira porta era o bar, a segunda era o palco e ao fundo desse corredor havia a sala das taças da equipa da Casa Pia [Atlético Clube]. Havia camarins mas a gente não usava aquilo. Havia também uma salinha pequenina que ficava ali ao lado da sala das taças. As pessoas iam para lá quando não queriam estar no meio da barafunda, iam para lá sentar-se e fumar o seu cigarro."

Assim descreve Vaiss o primeiro B.leza. Mornas, funanás e kizomba dançavam-se então como se dançam hoje. As vozes da Lisboa africana ecoavam então como agora. O guitarrista cabo-verdiano que há doze anos faz parte da banda residente da casa já era amigo do pai de Madalena e Sofia Saudade e Silva quando este, "muito por casmurrice" - diz Madalena - assumiu a direção da casa de música africana que então se chamava Baile. Com a sua morte, as irmãs, que iam ser advogadas como o pai e nada percebiam de música africana, assumiram o espaço. Depois, foram três semanas de obras feitas com as mãos da casa, conta Madalena que interrompe: "Quando eu estiver a falar demais diga: Olhe, isso não interessa nada." Interessa, pois.

A 21 de dezembro nascia o B.leza, nome escolhido em homenagem ao poeta cabo-verdiano homónimo (de nome verdadeiro Francisco Xavier da Cruz) numa noite com cachupa à mesa de uma tasca chamada Garça, onde os músicos Tito Paris, Toy Vieira, Chico Morgado e Alcides Nascimento faziam companhia às irmãs.

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