Papéis do Panamá revelam que três entidades públicas usaram paraísos fiscais

IGCP, CP e Segurança Social tiveram mais de 130 milhões de euros em paraísos fiscais
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Três entidades públicas usaram paraísos fiscais, revela esta sexta-feira a TSF, que se baseia na informação contida nos documentos confidenciais conhecidos como Papéis do Panamá. O IGCP (agência de gestão da tesouraria e dívida pública), a CP e a Segurança Social tinham mais de 130 milhões de euros nos offshores da ilha de Jersey e da Jordânia.

O semanário Expresso já tinha avançado que os Papéis do Panamá, documentos confidenciais divulgados ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação e estudados por jornalistas de todo o mundo, demonstravam que entidades estatais tinham milhões em offshores, mas não divulgavam quais as entidades em questão.

Agora, a TSF escreve que o IGCP aplicou 130 milhões de euros em obrigações da CP, obrigações essas emitidas a partir de um veículo financeiro sediado no paraíso fiscal da ilha de Jersey, no Canal da Mancha. A Segurança Social, por sua vez, investiu 170 mil euros numa empresa farmacêutica cotada em Londres, mas o investimento foi feito no paraíso fiscal da Jordânia. O investimento, conta a TSF, foi vendido em 2016.

Segundo a TSF, o executivo de António Costa prepara medidas que impeçam as empresas públicas de fazer investimentos e emitir dívida em offshores.

Em comunicado, o Governo confirmou as aplicações destas instituições públicas, mas sublinhou que essas já venceram. O Ministério das Finanças confirmou ainda "está a estudar os mecanismos necessários para assegurar que não existam entidades públicas com aplicações em territórios qualificados como "paraísos fiscais" sem o prévio conhecimento e autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças".

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Os Papéis do Panamá são uma enorme fuga de informação da documentação da firma de advogados Mossack Fonseca, sediada no Panamá, que ajudava os seus clientes a criar sociedades veículo e empresas alegadamente fantasma em paraísos fiscais. Uma fonte que permanece anónima fez chegar os documentos ao jornal alemão Suddëutsche Zeitung, que depois os partilhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Mais de cem meios de comunicação de todo o mundo, incluindo, em Portugal, o Expresso e a TVI, investigaram os documentos durante mais de um ano, descobrindo a teia que liga a forma como alguns dos ricos e poderosos do mundo gerem (e escondem) o seu dinheiro. O escândalo teve repercussões políticas em vários países, envolvendo a família do primeiro-ministro britânico David Cameron, levando à demissão do primeiro-ministro islandês, abalando a China a todos os níveis de governo e trazendo mesmo à baila o nome de Vladimir Putin.

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