Sínodo aprova ordenação de homens casados na Amazónia

Ponto 111 do documento aprovado este sábado teve 128 votos a favor e 41 contra após três semanas de intenso debate
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O Sínodo da Amazónia aprovou a proposta que defendia a ordenação de homens casados como padres nas zonas mais remotas desta região. A proposta fazia parte do documento final que este sábado foi aprovado pelos bispos e foi um dos temas mais controversos em três semanas de debate. O ponto 111, num total de 120, recebeu 128 votos a favor e 41 contra.

"Propomos (...) ordenar sacerdotes os homens idóneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham diaconado permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterado, podendo ter família legitimamente constituída e estável", assinala o ponto 111.

Aprovado também foi o pedido de que as mulheres possam exercer novos ministérios, como ler as Escrituras ou ajudar na missa, bem como a avaliação dos estudos que defendem a ordenação de diaconisas. Este ponto foi também dos mais debatidos e teve 137 votos a favor e 30 contra. Todos os 120 pontos em causa foram aprovados.

Neste contexto, no discurso de clausura, depois de 184 bispos terem votado o documento final do Sínodo da Amazónia, o Papa Francisco anunciou que vai reativar a comissão de estudo sobre a possível ordenação de mulheres como diaconisas.

Francisco avançou que dotará de mais pessoal esta comissão, criada em 2016 e que após dois anos de estudo chegou a um impasse sobre qual foi o papel das diaconisas nos primeiros anos do cristianismo.

Durante o sínodo, abordaram amplamente a necessidade de dar maior relevância às mulheres na Igreja, já que nas comunidades amazónicas são imprescindíveis para o funcionamento, como reconheceram todos os participantes.

O Papa disse que "reconhece o apelo" que as 35 mulheres presentes no sínodo lhe fizeram para serem ouvidas.

As mulheres entregaram uma carta ao Papa na qual pediram que os religiosos votassem, como já fazem alguns representantes das congregações masculinas.

No sínodo votavam apenas nos bispos, mas desde o ano passado, graças à dispensação papal, alguns dos representantes das ordens religiosas masculinas também podem fazê-lo.

"Ainda não percebemos o que a mulher tem sido na Igreja. Ficámos sempre pela parte funcional. Ela tem de estar nos conselhos sim, mas vai além disso".

Francisco disse no discurso que encerrou as três semanas de debate que espera entregar uma exortação pós-sinodal sobre os resultados do Sínodo antes do final do ano, "para que não passe muito tempo".

O Papa também anunciou que será criada uma secção dedicada à Amazónia no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Anunciou igualmente que será estudada a redistribuição dos sacerdotes nos países, "para evitar que faltem em algumas zonas".

Também criticou o que definiu como uma "elite de católicos", que caíram na tentação de se detiveram em discutir questões disciplinares "mínimas" e deixaram passar por alto "questões maiores".

O Papa apelou também aos órgãos de comunicação social para que prestem atenção ao diagnóstico do que está a acontecer na Amazónia ao nível cultural, social, pastoral e ecológico.

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