Um mês de junho fresco não conseguiu apagar os sinais de uma primavera mais quente do que o habitual, com resultados nefastos para a floresta portuguesa. Até ontem, 9 de julho, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas contabilizava uma área ardida de 9884 hectares, o que revela um aumento de quase o dobro face ao período homólogo do ano passado, apesar de um menor número de incêndios (5260 em 2019, 6035 em 2018). Mas há outro dado que está a preocupar os especialistas em matéria florestal: dessa área ardida, 42% é povoamento florestal, suplantando a área de mato (39%).."É um valor alarmante", disse ao DN Paulo Pimenta de Castro, presidente da Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal. O engenheiro silvicultor sustenta que não é problemático apenas para o ecossistema, mas também para a matéria-prima da indústria, que faltará, no futuro. Ainda assim, não o surpreendem os dados entretanto divulgados pelo ICNF, já que "este tem sido um ano mais seco, com condições climatéricas diferentes do ano passado": uma primavera com picos de calor, que propiciaram vários incêndios florestais, e um inusitado vento de leste, "que se sente cada vez mais"..O que Pimenta de Castro lamenta é que, ao nível dos comportamentos de risco, "não se note grande evolução". Ou seja, nas zonas mais ou menos povoadas os agricultores continuam a fazer queimadas, que não raras vezes degeneram em fogos..O responsável da Acréscimo não duvida desse "comportamento mais agressivo do fogo" de que os especialistas têm vindo a falar. Quando a 27 março deflagraram 111 fogos, em dia de alerta amarelo, a Autoridade Nacional de Proteção Civil traçou ao DN o cenário que permitia adivinhar estes números: "O que está a acontecer neste ano não é só termos vários dias com condições climatéricas propícias ao fogo. É que não chove desde o início do ano, para manter os mínimos da humidade de combustível na vegetação. Qualquer ocorrência se torna logo num fogo de comportamento muito mais agressivo", afirmou Alexandre Penha, adjunto nacional de operações da ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil)..Dispositivo de combate alargado.Os próximos dias vão ser alerta amarelo na maioria dos distritos. Entretanto, o Ministério da Administração Interna divulgou uma nota em que sublinha "a prioridade atribuída aos pilares de prevenção, vigilância, fiscalização e autoproteção das populações" em matéria de Defesa da Floresta contra Incêndios..O documento compara os valores do ano de 2019 "com o histórico dos últimos dez anos", concluindo que, em comparação com os valores médios, se registaram "menos 24% de incêndios rurais e menos 47% de área ardida"..A verdade é que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais 2019 (DECIR) conta com o maior número de operacionais bombeiros de sempre. "De 1 de junho a 15 de outubro (Nível de Empenhamento IV), o DECIR conta com 11 492 operacionais, dos quais 5729 são bombeiros, apoiados por 2495 veículos"..O dispositivo deste ano conta também com 83 novas equipas de intervenção permanente (EIP) dos corpos de bombeiros. O governo criou 182 novas EIP, num total de 910 operacionais. Também a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR (estrutura que sucedeu ao GIPS) foi reforçada com 155 novos militares..Mais fiscalização.Segundo o Ministério da Administração Interna, neste ano foi ainda reforçado alerta para "um conjunto de procedimentos preventivos a adotar, nomeadamente sobre o uso do fogo, a limpeza e a remoção de matos e a manutenção das faixas de gestão de combustível". A Operação Floresta Segura 2019 da Guarda Nacional Republicana realizou até ao dia 23 de junho cerca de seis mil ações de sensibilização, alcançando mais de 114 mil pessoas..Além disso, estão ainda a ser levadas a cabo ações de rua e porta a porta, num trabalho efetuado por 27 383 patrulhas (com militares do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente e da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro), que percorreram mais de 1,8 milhões quilómetros. No mesmo período, intensificaram-se as ações de fiscalização, resultando em 2900 autos de contraordenação devido à falta de gestão de combustível. Por outro lado, a GNR registou ainda 443 autos de notícia por contraordenação, devido a incumprimentos das normas para a realização de queimas e queimadas..Os dados do MAI recolhidos desde o início do ano e até 23 de junho dão conta de 2650 crimes de incêndio florestal, tendo resultado em 37 detenções e identificação de 304 pessoas.
Um mês de junho fresco não conseguiu apagar os sinais de uma primavera mais quente do que o habitual, com resultados nefastos para a floresta portuguesa. Até ontem, 9 de julho, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas contabilizava uma área ardida de 9884 hectares, o que revela um aumento de quase o dobro face ao período homólogo do ano passado, apesar de um menor número de incêndios (5260 em 2019, 6035 em 2018). Mas há outro dado que está a preocupar os especialistas em matéria florestal: dessa área ardida, 42% é povoamento florestal, suplantando a área de mato (39%).."É um valor alarmante", disse ao DN Paulo Pimenta de Castro, presidente da Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal. O engenheiro silvicultor sustenta que não é problemático apenas para o ecossistema, mas também para a matéria-prima da indústria, que faltará, no futuro. Ainda assim, não o surpreendem os dados entretanto divulgados pelo ICNF, já que "este tem sido um ano mais seco, com condições climatéricas diferentes do ano passado": uma primavera com picos de calor, que propiciaram vários incêndios florestais, e um inusitado vento de leste, "que se sente cada vez mais"..O que Pimenta de Castro lamenta é que, ao nível dos comportamentos de risco, "não se note grande evolução". Ou seja, nas zonas mais ou menos povoadas os agricultores continuam a fazer queimadas, que não raras vezes degeneram em fogos..O responsável da Acréscimo não duvida desse "comportamento mais agressivo do fogo" de que os especialistas têm vindo a falar. Quando a 27 março deflagraram 111 fogos, em dia de alerta amarelo, a Autoridade Nacional de Proteção Civil traçou ao DN o cenário que permitia adivinhar estes números: "O que está a acontecer neste ano não é só termos vários dias com condições climatéricas propícias ao fogo. É que não chove desde o início do ano, para manter os mínimos da humidade de combustível na vegetação. Qualquer ocorrência se torna logo num fogo de comportamento muito mais agressivo", afirmou Alexandre Penha, adjunto nacional de operações da ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil)..Dispositivo de combate alargado.Os próximos dias vão ser alerta amarelo na maioria dos distritos. Entretanto, o Ministério da Administração Interna divulgou uma nota em que sublinha "a prioridade atribuída aos pilares de prevenção, vigilância, fiscalização e autoproteção das populações" em matéria de Defesa da Floresta contra Incêndios..O documento compara os valores do ano de 2019 "com o histórico dos últimos dez anos", concluindo que, em comparação com os valores médios, se registaram "menos 24% de incêndios rurais e menos 47% de área ardida"..A verdade é que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais 2019 (DECIR) conta com o maior número de operacionais bombeiros de sempre. "De 1 de junho a 15 de outubro (Nível de Empenhamento IV), o DECIR conta com 11 492 operacionais, dos quais 5729 são bombeiros, apoiados por 2495 veículos"..O dispositivo deste ano conta também com 83 novas equipas de intervenção permanente (EIP) dos corpos de bombeiros. O governo criou 182 novas EIP, num total de 910 operacionais. Também a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR (estrutura que sucedeu ao GIPS) foi reforçada com 155 novos militares..Mais fiscalização.Segundo o Ministério da Administração Interna, neste ano foi ainda reforçado alerta para "um conjunto de procedimentos preventivos a adotar, nomeadamente sobre o uso do fogo, a limpeza e a remoção de matos e a manutenção das faixas de gestão de combustível". A Operação Floresta Segura 2019 da Guarda Nacional Republicana realizou até ao dia 23 de junho cerca de seis mil ações de sensibilização, alcançando mais de 114 mil pessoas..Além disso, estão ainda a ser levadas a cabo ações de rua e porta a porta, num trabalho efetuado por 27 383 patrulhas (com militares do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente e da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro), que percorreram mais de 1,8 milhões quilómetros. No mesmo período, intensificaram-se as ações de fiscalização, resultando em 2900 autos de contraordenação devido à falta de gestão de combustível. Por outro lado, a GNR registou ainda 443 autos de notícia por contraordenação, devido a incumprimentos das normas para a realização de queimas e queimadas..Os dados do MAI recolhidos desde o início do ano e até 23 de junho dão conta de 2650 crimes de incêndio florestal, tendo resultado em 37 detenções e identificação de 304 pessoas.