Pais das crianças desistem de queixa-crime em tribunal

Os pais das duas crianças afectadas em Junho de 2010 por uma troca de medicamentos no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, desistiram hoje em tribunal da queixa-crime contra a médica e contra a técnica de audiologia.
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As duas profissionais estavam acusadas pelo Ministério Público de ofensa à integridade física por negligência e de ofensa à integridade física grave. O julgamento começou no dia 03.

Tendo confirmado a "livre e expressa vontade" dos pais dos menores de desistirem da queixa, e confirmando também a aceitação da desistência pelas duas arguidas, o juiz ordenou o arquivamento do processo sem custas crime.

"Ainda bem que chegaram a um acordo em relação ao pedido cível, significa uma pacificação deste processo. O Tribunal, neste tipo de processos tenta aproximar as partes. Neste caso não o fiz dada a natureza do mesmo mas o que importa é que tenham chegado a um entendimento", afirmou.

Quanto às arguidas, acrescentou, "ainda bem para [a carreira das duas]. O entendimento do tribunal seria necessariamente outro".

Aos jornalistas o advogado da família do menor mais velho, Pedro Roldão, afirmou que a desistência da queixa "teve que ver com outras causas que não apenas a indemnização", cujo valor não revelou.

"Teve que ver, por exemplo, com a expectativa das pessoas em relação à capacidade da justiça para resolver os seus problemas, teve que ver com a morosidade do processo", acrescentou.

O advogado da médica, Jorge Pires Miguel, afirmou que o acordo foi iniciativa do HGO e das famílias das vítimas: "Conhecemos o acordo hoje, somos-lhe completamente alheios. A minha cliente limitou-se a aceitá-lo", disse.

A 17 de Junho de 2010 duas crianças de três anos e de ano e meio foram afectadas por uma troca de medicamentos quando estavam a ser preparadas para realizar um exame de diagnóstico no serviço de Otorrinolaringologia do HGO.

A troca fez com que, em vez de um sedativo, tivesse sido administrado aos menores ácido tricloroacético, normalmente usado para estancar pequenas hemorragias, e que provocou queimaduras nos intestinos das duas crianças e também na traqueia, no esófago e no estômago da criança mais velha.

A depor em tribunal, a médica e a técnica de audiologia assumiram que não leram o rótulo do medicamento que administraram aos dois menores, mas argumentaram que a rotina dos últimos nove anos a realizar aquele tipo de exame, a semelhança entre os frascos e a arrumação indevida do ácido num frigorífico em que não era suposto estar contribuíram para o acidente.

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