Padre exorcista quer recuperar autarquia para o CDS-PP

O CDS/PP voltou a apostar no controverso Humberto Gama, que se auto-intitula de padre e exorcista, para encabeçar a candidatura à Câmara de Murça e derrotar João Teixeira pelo PS e Paulo Calvão pelo PSD.<br />
Publicado a
Atualizado a

Aos 70 anos, Gama lidera uma equipa só de mulheres, a maior parte das quais de fora do concelho de Murça, e concilia a campanha eleitoral com as "consultas" das dezenas de pessoas que diz que recebe diariamente na sua casa.

É no seu próprio carro, um Mercedes topo de gama, que o candidato popular percorre sozinho o concelho, apenas com uma bandeira do CDS e sem apitar, para entregar a propaganda política apenas a quem a quiser receber.

"A minha campanha sou eu que pago", afirmou à Agência Lusa.

Esta não é a primeira vez que Gama encabeça uma candidatura às autárquicas.

Já há oito anos foi o escolhido pelo CDS para concorrer a Murça e há 16 anos disputou a Câmara de Mirandela com o seu irmão, José Gama (já falecido), na altura como candidato independente do PS.

O seu grande objectivo para este domingo é recuperar uma autarquia que já pertenceu às hostes populares, derrotar os "bailarinos políticos" daquela terra ou, pelo menos, tornar-se no "voto do desempate" naquela autarquia transmontana.

O presidente João Teixeira recandidata-se a um terceiro mandato pelo PS, mas já antes tinha pertencido às hostes sociais-democratas.

Por sua vez, o PSD optou pelo independente Paulo Calvão, que já esteve ligado às hostes socialistas, desempenhando o cargo de vereador da oposição nos dois mandatos em que a autarquia foi governada pelo social-democrata José Gomes.

Em 2009, o vendedor Carlos Araújo volta a encabeçar a lista da CDU no concelho de Murça.

Humberto Gama diz-se padre e político e lamenta que a Igreja Católica "ainda não tenha percebido que a política é um púlpito para divulgar o que diz o Evangelho".

O candidato vai mais longe e afirma mesmo que o "maior político de todos os tempos foi Jesus Cristo", na forma como "defendeu os pobres e atacou nos ricos".

"Se alguém falar contra um padre na política está a falar contra Cristo", acrescentou.

A Vigararia de Vila Real já disse que Humberto Gama foi destituído, mas este salienta que "um padre nunca deixa de ser padre" e que não se pode confundir a "Igreja de Deus com a Igreja Católica".

O candidato não esquece mesmo a indumentária dos sacerdotes e continua a vestir o cabeção (o colarinho branco) à volta do pescoço.

Entre os seus "consultórios" em Murça e Fátima, Gama refere que já tem a sua agenda cheia até ao final do ano e fala em "muitas e muitas" pessoas, desde o mundo do futebol à alta finança, passando por médicos ou enfermeiros, que o procuram para ajudar a resolver os mais diversos problemas.

"Hoje (terça-feira) já atendi oito famílias, durante a manhã. Só drogados vieram cá três e eu seria um assassino eclesiástico se não os atendesse", frisou.

O candidato explica que não é "bruxo ou vidente".

"Eu tenho a ver com o exorcismo que é uma questão de energias. Sou um homem que trato de energias, da química das pessoas. A mim pedem-me luz", frisou.

    Humberto Gama foi alvo de queixas por alegada burla e abuso sexual por parte de três das suas clientes, queixas essas que salientou à Lusa que nunca chegaram a tribunal por "não serem verdade".  

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt