Ouro pardacento para Pedro Costa em Locarno

<em>Vitalina Varela</em> arrecadou o Leopardo de Ouro da 72ª edição do Festival de Locarno. Esta noite Pedro Costa sobe ao palco da Piazza Grande para uma consagração que é também o prémio mais importante dos últimos anos do cinema português. Vitalina Varela, a protagonista, conquistou o prémio de melhor atriz.
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Momento histórico para o cinema português. Desde 1987 que Portugal não vencia um grande festival internacional de cinema. Na altura, foi a vez de O Bobo, de José Alberto Morais, também em Locarno. Este sábado o feito é de Pedro Costa e do seu Vitalina Varela, vencedor do Leopardo de Ouro. Uma conquista já esperada num festival que não tinha rival à altura de Costa. O favoritismo de Costa era evidente e sentia-se nos corredores do festival, sobretudo após a receção entusiasta da crítica internacional presente na bela cidade suíça.

Depois do prémio de realização ganho há cinco anos no mesmo festival com Cavalo Dinheiro, agora trata-se do prémio máximo, o tão desejado Leopardo de Ouro, em que também se atribui 75 mil francos suíços ao realizador e ao produtor.

O filme venceu também o prémio de melhor atriz, para Vitalina Varela . Trata-se da história da sua vinda a Lisboa três dias após a morte do marido num bairro cabo-verdiano de Lisboa. Costa volta a Vitalina depois de a conhecermos em Cavalo Dinheiro, o seu anterior filme. Filmado durante um processo de alguns anos, Vitalina Varela não foge do estilo habitual do realizador, centrando-se agora nesta mulher que há mais de 25 anos esperava pelo seu bilhete de avião.

Filme escuro por entre sombras e espectros, Vitalina Varela é cinema do real com a poesia dura habitual de Costa. Vitalina venceu ainda o prémio de melhor atriz dos críticos do festival. O estatuto de super-estrela do cinema de autor internacional de Costa será reforçado no próximo mês no Festival de Toronto e no New York Film Festival.

A par destes dos prémios, registe-se no palmarés o prémio especial do júri, PA-GO, de Park Jung-Bum, enquanto que o melhor realizador foi Damien Manivel com Les Enfant"s de Isadora, onde são convocados os fantasmas de Isadora Duncan.

Estranha a menção do júri presidido por Catherine Breillat a Maternal, de Maura Delpero, uma das grandes desilusões vindas de Itália.

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