Oscars so pink: rosa choque sobre fundo negro

A edição 91 dos Óscares não teve muitos momentos coloridos. Mas vestidos rosa choque não faltaram.
Publicado a
Atualizado a

O rosa choque revelou-se a tendência nesta 91ª cerimónia dos Óscares. Helen Mirren, Sarah Paulson, Angela Bassett. O poder feminino ao estilo de Nancy Pelosi. E foi justamente num vestido rosa choque que Julia Roberts anunciou o grande vencedor da noite: Green Book - Um Guia Para a Vida. Depois de Alfonso Cuarón ganhar a estatueta de realização, parecia que tudo se encaminhava para o golpe de asa na reta final - que faria de Roma a primeira obra de idioma estrangeiro a ganhar na categoria de Melhor filme. Mas não. A América e a especificidade das suas histórias tiveram a última palavra.

Mas voltando ao rosa choque, apetece dizer que este statement foi mesmo das poucas coisas que chamaram a atenção numa cerimónia votada a uma monotonia desconcertante. Perante a ausência da figura de um apresentador, não houve qualquer trabalho criativo no sentido de preencher essa lacuna através do guião de formalidades. Nada. Assistiu-se ao desfile dos vários apresentadores das categorias - alguns, poucos, a tentar levantar os ânimos, como o comediante Trevor Noah - como quem assiste à passadeira vermelha... O que interessava era mesmo a cor dos vestidos.

Apenas quando Lady Gaga (já agora, vestida de negro) e Bradley Cooper subiram ao palco para cantar Shallow, qualquer coisa se alterou na própria realização flácida e convencional. De repente, a câmara mostrou desejo de filmar a magia daquele momento, a química que emanava dos dois, a intimidade da performance, a beleza de tudo isto. Por outras palavras: foi o momento "rosa choque" da noite.

Poucos minutos mais tarde, tudo ficou outra vez estranhamente garrido quando o favoritismo de Gleen Close - vestida a rigor para receber nas mãos a estatueta dourada - acabou derrubado pela "rainha" Olivia Colman. Não foi apenas o fator surpresa, mas sobretudo a desilusão de assistir à derrota de uma veterana que se esperava, à sétima vez, ser finalmente reconhecida pela Academia. Um rosa demasiado choque para o nosso gosto...

Já Barbra Streisand, que subiu ao palco para apresentar o título de Spike Lee, BlacKkKlansman: O Infiltrado, também ofereceu um pouco de cor aos discursos da noite. Contou que, depois de ver este filme - para ela, exemplar do quão valiosa é a verdade nos dias que correm - escreveu um tweet sobre o assunto. Teve uma amável resposta do cineasta, e aí começou uma bonita troca de mensagens com alguém que a entende. "Somos ambos de Brooklyn", disse. Da plateia, Spike Lee fez-lhe uma vénia. Um momento rosa quente, numa cerimónia morna.

E por falar em Spike Lee, de saudar não só a sua distinção, na categoria de Melhor Argumento Adaptado, mas a de mais seis afro-americanos ao longo da noite - Renina King, Mahershala Ali, Ruth Carter, Hanna Beachler, Peter Ramsey e Kevin Willmott. Esta foi a edição dos Óscares em que se galardoou mais negros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt