Os ladrões assaltam, os autores exploram o filão. À espera da quarta parte
Na terceira parte da muito aguardada La Casa de Papel, o grupo de assaltantes protagonista do maior e mais vistoso assalto à Casa da Moeda volta à ação. Sobreviver é a palavra-chave para Professor, Tokio e Rio, Denver e Estocolmo, Nairobi e Helsínquia, e os recém-chegados Bogotá, Palermo, Marselha e Lisboa - a antiga inspetora Raquel Murillo.
Sobreviver parece ser também a palavra-chave da produção (Vancouver Media). La Casa de Papel regressa após mais de um ano de espera com a responsabilidade de manter o êxito daquela que se tornou a série de língua não inglesa mais vista na plataforma de streaming a nível global Como conseguir essa proeza?
A resposta à pergunta deixa sempre La Casa de Papel em desvantagem, já que é um clássico entre os clássicos das séries que arrastam multidões ouvir-se a qualquer momento que "a primeira temporada é que era boa". Quem nunca o disse ou ouviu que desligue primeiro a televisão (ou o computador). Afinal, a resposta certa está nas expectativas de quem vê.
E como é La Casa de Papel - Parte 3? Sem entrar em spoilers: oito episódios de 50 minutos cada, a mesma estética, cenas muito coreografadas, suspense de maior calibre à medida que o último episódio se aproxima e uma conclusão tão aberta, tão aberta que nem vale a pena perguntar se haverá parte 4. Esta é imprescindível. Mantém-se a regra das duas entregas de episódios anteriores e até se mantém a fórmula de fazer render o capítulo com um bem nutrido resumo do anterior.
Álex Pina, o autor, continua a explorar os anticorpos da sociedade ocidental aos bancos, ponto de partida e de empatia entre espectadores e personagens. "La Casa de Papel não vive só de um plano magistral, mas das personagem e também de uma certa deceção em alguns países com o que se passa nos bancos", dizia ao DN em 2018, por ocasião da estreia da segunda parte. É também um bom resumo do que se passa na parte 3.
Reencontramos o gangue do assalto à Casa da Moeda um par de anos depois. Com a opinião pública do seu lado, dinheiro para distribuir por Madrid e um novo plano para pôr em marcha. Desta vez, no Banco de Espanha. Mas com muito menos tempo de preparação.
Nos novos episódios, ganham protagonismo Nairobi (Alba Flores), o feminismo e uma nova inspetora - Alicia Sierra -, que vem ocupar o lugar de "má" que Raquel Murillo não conseguiu preencher. É interpretada pela atriz espanhola de origem jordana Najwa Nimri, que, como Alba Flores, é da casa. Pertence ao elenco de Vis a Vis, outro formato do argumentista Álex Pina, em exibição desde 2015.
Quando veremos, pois, o final? Oficialmente, "ainda não temos qualquer informação sobre a estreia da quarta parte", diz ao DN fonte da Marco, a agência de comunicação da Netflix em Portugal. Do que não há dúvida é que ela existirá.
Custa a crer, mas a série passou sem história, uma vez por semana, na estação de televisão Antena 3, em 2017. Os resultados foram pouco mais do que razoáveis na primeira parte e a segunda, que se estreou um ano depois, passou ainda mais discretamente.
Logo depois, e após uma nova passagem pela mesa de montagem, chegou à Netflix. "Tem muitíssimo trabalho de análise de guião. Em alguns casos houve que voltar aos 'brutos' [imagens gravadas]", disse Álex Pina ao DN quando a segunda parte estreou. "A série é a mesma mas a experiência visual não." Com todos os episódios disponíveis e mesmo a pedir sessões de bulimia televisiva, La Casa de Papel converteu-se no tal êxito à escala global. E a terceira parte já é uma produção exclusiva da Netflix.
Com a mesma intensidade se fala da série em Portugal, na Colômbia, no México ou no Brasil. A todos se pisca o olho na terceira parte. Lisboa e Bogotá são personagens, o mexicano El Chapo é referência. Com uma personagem chamada Palermo (e outros pormenores da narrativa), completa-se a ligação a Itália, país de origem do hino Bella Ciao.