Os Detectives Selvagens

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Ao vermos um livro de lombada tão larga como a que tem este livro de Roberto Bolaño podemos pensar no porquê de bastantes escritores terem tanto para dizer nos tempos   que correm. A escrita a metro parece ser um dos milagres do novo milénio e a sua  generalização diminui o valor de muita da literatura que se está a publicar quando comparado como a edição de outros tempos, em que os grossos volumes estavam apenas reservados às grandes obras. Este Os Detectives Selvagens vem rotulado, mais do que como um grande sucesso, como um livro de culto. A morte do autor em 2003 terá  contribuído para esse alcandorar, o seu comportamento arrogante não deixará de ter tido alguma influência no criar dessa auréola, mas a verdade é que estamos perante uma narrativa que tem vindo a impressionar críticos de todo o mundo conforme a catadupa de traduções são objecto de resenha. Tudo começa com a caracterização das personagens e da criação de um cenário citadino tão querido aos autores latino-americanos onde se movimentam figuras rebeldes, com boas livrarias e bons livreiros, famílias disfuncionais e sexo quanto baste para excitar os leitores e exercitar os sonhos eróticos do autor. Bolaño consegue tudo isso ao longo de centenas de páginas em que o texto quase foge para fora do limite da impressão e que é encapado com uma das mais belas capas dos últimos tempos. O livro é impressionante, se bem que há algum dejá vu nestes percursos carimbados pelas longínquas fronteiras das cidades europeias como se fossem versões mais rebeldes das já escritas pelo “velho” Mario Vargas Llosa ou do falecido Julio Cortázar. Contudo, diga-se, vale a pena ler metade deste calhamaço para se entender o fenómeno.


4/5
Os Detectives Selvagens
ROBERTO BOLAÑO
TEOREMA

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