Orquestra Geração é ferramenta de inclusão social

Mais de 500 crianças de bairros sociais de todo o país compõem dez Orquestras Geração, um projecto educativo iniciado há três anos que se serve da música como ferramenta para a inclusão social destes jovens. <br />
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O projecto Orquestras Geração surgiu há três anos, numa parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian, o Conservatório Nacional e a Câmara da Amadora, que decidiram criar uma rede de orquestras nas escolas que recebem alunos de bairros desfavorecidos, tendo como modelo o Programa das Orquestras Sinfónicas Infantis e Juvenis da Venezuela.

Hoje são mais de 500 as crianças, entre o primeiro e o oitavo ano de escolaridade, que fazem parte da Orquestra Geração, uma rede composta por 10 orquestras que, apesar de terem a sua origem em bairros sociais da Amadora, estão espalhadas por escolas e bairros da Grande Lisboa e do distrito de Setúbal.

No terceiro concerto de verão destas Orquestras Geração, que aconteceu na quinta feira à noite no auditório ao ar livre dos jardins da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, foram cerca de 150 crianças, entre os seis e os 14 anos, que trocaram as correrias e brincadeiras por instrumentos como o violino, o contrabaixo ou a trompa.

Minutos antes de começar o concerto, Luís e Rúben, ambos com 10 anos, estavam 'um bocadinho nervosos'. Aprenderam a tocar trompa há um ano na orquestra e 'gostam muito', por isso achavam que ia 'correr bem' e ia 'ser giro'.

Já Micaela, com 14 anos, 'não estava nada nervosa', porque 'não é a primeira vez que ia tocar para o público'. Tem gostado de aprender a tocar fagote e quer continuar na orquestra, porque 'tem sempre corrido bem'.

'As crianças não vão para o projecto porque têm um problema: vão para o projecto porque perceberam o que é, têm curiosidade, querem fazer parte um movimento e de um grupo. Isto não é um projecto de educação musical, artístico: é um projecto de educação, usando a música como ferramenta de inclusão social, sociabilização e do convívio entre todos', disse à agência Lusa a responsável do projecto em representação da Fundação Gulbenkian, Luísa Vale.

A responsável contou à Lusa que o projecto 'tem tido impacto local e regional, uma vez que tem mobilizado as escolas, mas também tem aproximado as famílias à escola e às crianças', chegando mesmo 'a alterar o comportamento dos jovens nas escolas'.

'São comportamentos menos violentos, porque a prática orquestral envolve um conjunto de regras, respeitos, padrões e de atenções aos outros que começa a entrar nas crianças e é absorvido por elas. Começa nas salas e depois vem cá para fora', afirmou Luísa Vale.

No auditório dos jardins da Gulbenkian actuaram três orquestras, com jovens de três bairros da Amadora -- Casal da Boba, Casal da Mira e Zambujal, e de Vila Franca de Xira.

As crianças tinham entre quatro meses a um ano e meio de preparação musical com professores da Escola de Música do Conservatório Nacional, e desde músicas tradicionais venezuelanas, norte-americanas, alemãs e cabo-verdianas, como composições clássicas, tendo Bach e Shumann no reportório.

Depois deste concerto, os jovens das primeiras Orquestras Geração, que já participam no projecto há três anos, vão encerrar o Festival de Teatro de Almada ao lado da Orquestra da Fundação Gulbenkian, no próximo dia 18 de Julho.

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