Organização do concurso Miss França acusada de discriminação e violação laboral
A organização do concurso de beleza Miss França é acusada de discriminação e incumprimento do código laboral numa queixa judicial apresentada por uma associação feminista depois de três candidatas terem sido excluídas da competição.
A queixa, hoje tornada pública, foi entregue pela associação "Osez le féminisme!" na sexta-feira, no tribunal de Bobigny, e visa a produtora Endemol, que organiza o evento, mas também o canal televisivo TF1, que o transmite.
A associação lamentou na rede social Twitter que o concurso "de outra época" continue a pedir às candidatas para que não bebam nem fumem em público e para que não sejam irónicas.
A queixa apresentada invoca que o regulamento do concurso e os requisitos de participação têm cláusulas discriminatórias.
A lista de obrigações das candidatas inclui, ainda, o não consumo de substâncias ilegais em público, o comportar-se de acordo com os valores "de elegância", o não ter tatuagens ou 'piercings', o manter o mesmo peso, o medir pelo menos 1,70 metros e o ser solteira e não ter filhos.
Três candidatas alegam que foram excluídas da competição por fumarem em público ou aparecerem nuas em fotografias, argumentos que numa verdadeira oferta de emprego seriam ilegais, segundo a advogada da associação "Osez le féminisme!", Violaine de Filippis-Abate.
O jornal Le Monde adianta que, em caso de o tribunal admitir que as candidatas não são voluntárias, o regulamento do concurso equivale a um contrato laboral com cláusulas discriminatórias.
De acordo com a associação "Osez le féminisme!", a relação contratual com as candidatas começa quando assinam o formulário de participação nas provas, em que devem cumprir uma série de obrigações, incluindo fora dos ensaios e das gravações do programa transmitido na televisão.
O concurso Miss França foi criado em 1920 e transmitido na televisão a partir de 1987. O próximo realiza-se em 11 de dezembro.