Ora dá cá um / e a seguir dá outro / e depois dá mais um / que só dois é pouco

O Presidente esteve na ilha de Porto Santo e no intervalo dos beijinhos fez equilibrismo político
Publicado a
Atualizado a

Assumidas apoiantes de Sampaio da Nóvoa nas últimas presidenciais, Maria Teresa Rebelo e Maria de Sequeira, de Lisboa, não escondem a alegria depois de terem tirado uma fotografia com o Presidente da República e de terem recebido os seus beijos. De olhos no telemóvel, Maria está de sorriso de orelha a orelha. "Vou já mandar para a minha filha. Este homem é espetacular", repete. Votou em Marcelo Rebelo de Sousa? "Por acaso não votámos, foi no Sampaio da Nóvoa, mas estamos a gostar muito deste homem. Com o anterior nunca ia querer tirar uma fotografia, livra!".

E Marcelo segue rua abaixo, pela calçada do centro de Porto Santo, acompanhado pela comitiva. Não caminha, desfila. E, provavelmente, beija e cumprimenta todas as pessoas que se lhe dirigem. Ou então é ele próprio a ir ter com elas. Abraços apertados, com o "afeto" a materializar-se nos seus braços quando enlaça carinhosamente os ombros dos populares. Não faz mal demorar, há sempre tempo para mais um beijinho. Um jornalista (José Manuel Mestre, da SIC) pergunta se ainda haverá muitos portugueses por beijar. Diz que sim, faltam muitos milhões e deixa no ar que, possivelmente, os cinco anos de mandato não lhe chegarão.

Entre os afetos, Marcelo faz, no entanto, política a sério. E quando se trata do intrincado "rendilhado" da política madeirense, o professor é um autêntico equilibrista. Durante a sua visita à Madeira, foi o que foi fazendo em relação ao triângulo Governo Regional, presidido pela social-democrata Miguel Albuquerque, o ex-presidente Alberto João Jardim, que é crítico do primeiro, e entre ambos e a oposição partidária.

Em Porto Santo, cujo presidente da Câmara, Filipe Menezes, é do PS, a sua arte do equilibrismo foi ainda mais útil. A dois anos das comemorações dos 600 anos da descoberta da ilha, por Gonçalves Zarco, Menezes quis "embarcar" Marcelo para presidir à Comissão de Honra das Celebrações e lançou publicamente o desafio, na sua intervenção de boas-vindas. Mas o professor não cai na "armadilha": é que na ilha da Madeira, do PSD, também se estão a preparar as comemorações do achamento e o convite de Porto Santo não era mais que mais uma batalha na competitiva relação entre socialistas e sociais-democratas. O Presidente da República agradeceu, elogiou muito todo o trabalho que o autarca socialista tem desenvolvido na ilha mas, muito elegante e bem-humoradamente, declinou: "Não me leve a mal, mas quando ouço falar em comissões de honra só penso nuns velhinhos colocado em prateleiras para não fazerem nada. Eu quero participar mas de forma ativa e até vou falar com o Sr. primeiro- ministro para vir comigo". Touché.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt