Oposição no Peru exige demissão do Presidente

Uma das suas empresas terá recebido pagamentos da construtora brasileira Odebrecht.
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A oposição no Peru, maioritária no parlamento, pediu na quinta-feira a demissão do Presidente, Pedro Pablo Kuczynski, acusado de corrupção no âmbito do escândalo da construtora brasileira Odebrecht, que implicou vários responsáveis políticos da região.

"É evidente que a sua presença no mais alto cargo da nação não é mais possível", disse o porta-voz do grupo parlamentar da Força Popular, Daniel Salaverry, sobre o chefe de Estado peruano, Pedro Pablo Kuczynski.

A Força Popular é o partido liderado por Keiko Fujimori, filha do antigo chefe de Estado Alberto Fujimori (1990-2000), que perdeu as presidenciais de 2016 precisamente para o "PPK", nome pelo qual é designado o atual chefe de Estado.

"Não vou correr, não me vou esconder e não tenho nenhuma razão para o fazer", disse, na quinta-feira à noite, Kuczysnki, num discurso na televisão, prometendo cooperar com as investigações do Congresso e do gabinete do procurador-geral.

O Presidente do Peru anunciou que vai pedir às autoridades judiciais o levantamento do seu sigilo bancário, após acusações de que uma das suas empresas recebeu pagamentos da construtora brasileira Odebrecht.

"Peço o levantamento do meu sigilo bancário para que analisem tudo o que quiserem e assumo todas as responsabilidades que derivem dos meus atos", disse Pedro Pablo Kuczynski.

O chefe de Estado peruano afirmou que não se vai "deixar intimidar" pelas advertências políticas no Congresso, liderado pelo 'fujimorismo' [referência ao antigo Presidente do país Alberto Fujimori], de que o destituirá do cargo se não apresentar a demissão.

Kuczynski foi incitado pela oposição no Congresso a demitir-se do cargo devido às consultas alegadamente prestadas por uma empresa sua à Odebrecht, quando era ministro do ex-Presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

O caso Odebrecht no Peru segue o rasto de subornos milionários entre 2005 e 2014 a funcionários peruanos para ganhar obras públicas e nas doações para candidatos políticos para financiar campanhas eleitorais.

Esse período cobre os mandatos presidenciais de Toledo, atualmente com mandado de captura por alegadamente ter recebido um suborno de 20 milhões de dólares, Alan García (2006-2011), implicado no processo de entrega de donativos ao Metro de Lima, e Ollanta Humala (2011-2016), que foi preso por suposto financiamento irregular das campanhas.

O caso Odebrecht também implica vários governos regionais, como os de Cuzco e Callao, além da ex-autarca de Lima Susana Villarán, que alegadamente terá financiado a campanha contra o referendo organizado para a censura com fundos das brasileiras Odebrecht e OAS.

A Odebrecht está envolvida no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato e um dos seus administradores, Marcelo Odebrecht, foi condenado a mais de 19 anos de prisão.

A Operação Lava Jato é uma investigação que está a decorrer no Brasil, liderada pelo Ministério Público Federal, sobre um grande esquema de corrupção que envolve políticos, empresários, entre outros, e que tem ainda ramificações no estrangeiro.

A apresentação de Kuczynski ao procurador será feita um dia antes da data proposta pelo Presidente para receber também os membros da comissão Lava Jato do Congresso peruano, presidida por Rosa Bartra.

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