A viagem inaugural do Gotthard foi a 1 de junho e contou com a presença de altas individualidades: com o presidente suíço estiveram Angela Merkel, a chanceler alemã, o presidente francês François Hollande e o então primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. Mas só este domingo o túnel ferroviário mais longo do mundo, no coração dos Alpes, entrou em funcionamento regular: a primeira viagem estava marcada para as 06:09 da manhã, com partida de Zurique, e foram muitos os passageiros que partilharam o entusiasmo nas redes sociais, mostrando os bilhetes para o trajeto..[twitter:807811248884686849].[twitter:807810434141192192].Nos últimos seis meses, as autoridades testaram o Gotthard até ao limite, para despistar quaisquer problemas que pudessem não ter sido previstos e colocassem em risco os passageiros: o túnel tem 57,1 quilómetros de comprimento e levou 17 anos a ser construído. Os comboios de alta velocidade vão levar 17 minutos a atravessá-lo. Cerca de 260 comboios de mercadorias e 65 de passageiros deverão passar pelo Gotthard diariamente a partir de agora..[artigo:5204597]."Obra-prima" da engenharia.Os responsáveis assumem que se trata de uma "obra-prima" da engenharia: o Gotthard foi concebido para durar um século e faz parte de um projeto suíço de infraestruturas no valor de 23 mil milhões de euros, cujo objetivo é fazer passar mercadorias e passageiros por debaixo da cordilheira dos Alpes, que divide o norte e o sul da Europa. O túnel em si - que custou mais de 10 mil milhões de euros - começa em Erstfeld, no cantão suíço de Uri, e termina em Bodio, já num cantão diferente, o Ticino..Atualmente, já existe um túnel rodoviário que passa por baixo da montanha de Saint Gotthard com quase 17 quilómetros, que abriu no início da década de 1980. Na altura, era o mais longo do mundo e permitiu aos automobilistas encurtarem o tempo de viagem entre as cidades suíças de Basileia e Chiasso..A obra para a ferrovia foi concluída dentro do prazo e não houve qualquer derrapagem no orçamento. Os eleitores suíços votaram em referendo o projeto de construção em 1992; dois anos mais tarde, decidiram apoiar um projeto de grupos ambientalistas que defendia que todos os transportes de mercadoras na Suíça deveriam passar por carris..No ponto onde atinge maior profundidade, o Gotthard vai até 2,3 quilómetros debaixo de terra, com as rochas a atingirem temperaturas até aos 46 graus. Descreve uma trajetória plana e sem curvas, o que permitirá aos comboios mais pesados viajar com apenas uma locomotiva, em vez de duas ou três. Para perfurar a montanha, os engenheiros tiveram de fazer explodir 73 tipos de rochas diferentes, algumas tão duras quanto granito, outras moles como açúcar. Foram escavadas mais de 28 mil toneladas de pedra e nove trabalhadores morreram durante as obras..Peter Fueglistaler, o diretor do gabinete de transportes federal da Suíça, disse na inauguração que o Gotthard é parte da identidade do país: "Para nós, conquistar os Alpes é como foi para os holandeses explorar os oceanos", sublinhou..A partir deste domingo, com a abertura ao público do túnel, a Europa ficará ligada através de uma linha ferroviária que começa nos portos de Roterdão, na Holanda, e termina a sul, em Génova, Itália.