O que representam Rússia e Ucrânia para a balança comercial portuguesa

As exportações de bens portugueses para a Rússia avançaram 0,6%, em 2021, e 16,7% para a Ucrânia, de onde Portugal importa grandes quantidades de milho
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No ano passado, as compras de Lisboa a Moscovo atingiram os 1.067 milhões de euros, uma subida de 108,2%, o que corresponde a um saldo da balança comercial negativo para Portugal de 889,5 milhões de euros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Já as exportações de bens portugueses para a Ucrânia subiram 16,7% no ano passado, face a 2020, para 35,9 milhões de euros, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em igual período, as importações de bens da Ucrânia por Portugal subiram 44% para 296,5 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial para Lisboa negativo em 260,7 milhões de euros.

Em 2021, Moscovo era o 37.º cliente de Lisboa e o seu 13.º fornecedor. Um ano antes, Portugal era o 86.º cliente da Rússia e o seu 54.º fornecedor. Em 2020, as empresas portuguesas que exportavam para aquele mercado totalizavam 572, menos 54 do que em 2019 (626), altura em que se registou o maior número de exportadoras nacionais desde 2016.

Os cinco grupos de produtos mais vendidos a Moscovo são os agrícolas (peso de 16,6% do total exportado em 2021), madeira e cortiça (15,8%), máquinas e aparelhos (13,3%), alimentares (13%) e calçado (7,6%).

As exportações de produtos agrícolas totalizaram 29,6 milhões de euros no ano passado, o que representou uma queda homóloga de 4,3%, seguidos da madeira e cortiça, cujas vendas recuaram 7,4% para 28,3 milhões de euros.

Já as exportações de máquinas e aparelhos ficaram praticamente estáveis (0,3%) nos 23,7 milhões de euros, enquanto as vendas de produtos alimentares registaram uma quebra de 16,8% para 23,2 milhões de euros.

No que diz respeito às exportações de calçado, estas também sofreram uma queda, de 19,5%, para 13,5 milhões de euros.

Em termos de grupos de produtos comprados a Moscovo, os combustíveis minerais lideram, com um peso de mais de dois terços (68,2%), seguidos dos metais comuns (10,3%), químicos (7,3%), agrícolas (5%) e plásticos e borracha (4,4%).

As importações de combustíveis minerais somaram 728,6 milhões de euros, mais do que duplicando (165%), e as de metais comuns totalizaram 110,1 milhões de euros, uma subida de mais de 103,9%.

As compras de químicos progrediram 3,6% para 78,3 milhões de euros, enquanto as de produtos agrícolas decresceram 15,6% para 53,1 milhões de euros. As importações de plásticos e borrachas subiram 240,2% para 47,2 milhões de euros.

Numa análise mais detalhada, depois da cortiça aglomerada, a categoria de tripas, bexigas e estômagos de animais, exceto peixes, inteiros ou em pedaços, é a mais exportada para Moscovo (14,6 milhões de euros em 2021, uma queda de 3,8%), seguida do calçado e dos vinhos (11 milhões de euros, uma subida de 34,5%).

Por exemplo, os ovos de aves, com cascas, frescos, conservados ou cozidos, fazem também parte dos produtos exportados, tendo no ano passado atingido 8,6 milhões de euros, um aumento de 27,2%.

Do lado das compras a Moscovo, óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (347,8 milhões de euros, subida de 128%) e gás de petróleo e outros hidrocarbonetos gasosos (237,5 milhões de euros, crescimento de 179,4%) são os produtos que lideram.

As exportações de serviços de Portugal subiram 13,5% no ano passado, face a 2020, para 100,7 milhões de euros e as importações cresceram 86,4% para 89 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial positivo para Lisboa em 11,7 milhões de euros.

Em termos totais, as exportações de bens e serviços para Moscovo cresceram 7,8% em 2021 para 269,6 milhões de euros e as importações duplicaram (102,5%) para 1.071,9 milhões de euros, em termos homólogos, com um saldo da balança comercial negativo para Lisboa em cerca de 802 milhões de euros.

As exportações de bens portugueses para a Ucrânia subiram 16,7% no ano passado, face a 2020, para 35,9 milhões de euros, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em igual período, as importações de bens da Ucrânia por Portugal subiram 44% para 296,5 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial para Lisboa negativo em 260,7 milhões de euros.

No ano passado, a Ucrânia era o 68.º cliente de Portugal e o seu 30.º fornecedor. Já Portugal era, em 2020, o 43.º cliente da Ucrânia e o seu 62.º fornecedor.

De acordo com os dados, em 2020 havia 374 empresas a exportar para a Ucrânia, um aumento progressivo que se tem vindo a registar desde 2017, quando eram 251.

Nos principais cinco grupos de produtos exportados para Kiev constam as máquinas e aparelhos (com um peso no total de 20,6% em 2021), produtos alimentares (16,3%), madeira e cortiça (16,2%), pastas celulósicas e papel (11,6%) e metais comuns (7,2%).

No ano passado, as exportações de máquinas e aparelhos totalizaram 7,4 milhões de euros, o que representa uma subida de 18,2% face a 2020, e as de produtos alimentares ascenderam a 5,8 milhões de euros, um aumento de 29,5%.

As vendas externas de madeira e cortiça somaram também 5,8 milhões de euros, crescendo, em termos homólogos, 10,4%. As exportações de pastas celulósicas e papel subiram, no período em análise, 60,6% para 4,1 milhões de euros, enquanto as de metais comuns decresceram 24,9% para 2,6 milhões de euros.

Nos cinco principais grupos de produtos comprados por Lisboa a Kiev estão os agrícolas, que representam mais de dois terços das compras (71,3%) no ano passado, seguidos dos metais comuns (18,1%), químicos (3,7%), máquinas e aparelhos (1,5%) e madeira e cortiça (1,3%).

As compras de produtos agrícolas aumentaram 49,6% no ano passado, face a 2020, para 211,3 milhões de euros, as de metais comuns cresceram 12,2% para 53,8 milhões de euros e as importações de químicos somaram 11 milhões de euros (em 2020 o montante era residual).

Em sentido inverso, as importações de máquinas e aparelhos decresceram 1,2% para 4,4 milhões de euros e as de madeira e cortiça recuaram 0,7% para 3,8 milhões de euros.

Numa análise mais detalhada, por exemplo, as exportações de vinhos de uvas frescas, incluídos os vinhos enriquecidos com álcool, cresceram 17,2% no ano passado, face a 2020, para 9,3%, sendo a terceira categoria de produtos mais vendidos a Kiev, depois da cortiça aglomerada e do papel e cartão.

Por sua vez, milho representa mais de metade (51,2%) das compras feitas à Ucrânia, com um total de 151,7 milhões de euros, um aumento de 25,1% face a 2020, seguido de óleos de girassol, de cártamo ou de algodão, que mais do que triplicaram (209,5%) para 32,7 milhões de euros.

As exportações de serviços de Lisboa para Kiev cresceram 117% em 2021 para 43,5 milhões de euros e as importações 56% para 25,1 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial positivo para Portugal em 18,1 milhões de euros.

Deste modo, as exportações totais (bens e serviços) totalizaram no ano passado cerca de 79,2 milhões de euros (uma subida de 57,3%) e as importações ascenderam a 296,5 milhões de euros (+43,3%), um saldo da balança comercial negativo para Lisboa de 217,3 milhões de euros.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na segunda-feira à noite o reconhecimento da independência das regiões separatistas pró-russas do leste da Ucrânia e o envio de tropas para as mesmas.

A decisão de Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

A União Europeia (UE) já anunciou sanções contra a Rússia na sequência desta decisão.

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