O cenário foi escolhido por ele para ficar para a história. A pista de Nürburgring, na Alemanha, devia ter recebido nesta sexta-feira a estreia de Mick Schumacher na Fórmula 1, mas o filho de Michael Schumacher não contava com o mau tempo. Uma forte neblina tomou conta dos céus e impediu que se realizassem os primeiros treinos livres para o GP de Eifel. Ia conduzir o monovolume de Giovinazzi, mas o C39#37 da Alfa Romeo ficou na box..A estreia ficou assim adiada, mas até quando? Parece claro para todos que o lugar de Mick é na F1. Piloto da academia júnior da Ferrari, o jovem alemão de 21 anos (22 de março de 1999) e atual líder da F2, pela Prema (onde trabalha com o português Nuno Pinto), só precisa de terminar o campeonato entre os três primeiros para competir na prova rainha. O piloto é favorito a uma vaga na Alfa Romeo em 2021 ao lado do finlandês Kimi Räikkönen, para quem Mick "é uma cópia do pai em certas coisas". A dupla devia ser oficializada após os treinos livres, mas o mau tempo trocou as voltas à escuderia..A notícia da estreia do filho do Kaizer correu mundo e fez os amantes de F1 salivar perante a possibilidade de um outro Schumacher dar sentido aos grandes prémios 26 anos depois de Michael Schumacher se estrear e nove depois de dizer adeus às pistas. Ele próprio tem vindo a habituar-se à ideia. Mick já fez testes com carros de F1 da Ferrari e da Alfa Romeo e participou em exibições com carros que tinham sido guiados pelo pai, como o Benetton B194 e o Ferrari F2004..Michael Schumacher está morto para o mundo, desde o dia 29 de dezembro de 2013, quando sofreu um acidente nos Alpes Franceses e ficou em estado vegetativo - a real condição física e mental do heptacampeão é um dos segredos mais bem guardados a nível mundial - e os fãs viram-se agora para Mick, o filho que se habituaram a ver ao lado do pai nas boxes, entre treinos e corridas. As comparações serão inevitáveis -assim como a pressão (mesmo que ele diga que não). Mas o que se pode esperar do filho do maior campeão de F1 de todos os tempos?.Como muitos outros, começou no karting, aos 8 anos. Para evitar ser reconhecido ou tratado de forma diferente, começou a correr com o nome de solteira da mãe, Corinna. O anonimato ainda durou algum tempo, mas acabou quando chegou à F4 alemã em 2015 e acabou em segundo. Seguiu-se a F3 e o primeiro título mundial (2018), conquistado no GP Macau, prova que o pai tinha vencido 28 anos antes..Mick viu então a F1 olhar para ele pela primeira vez. Falou-se numa aposta precoce por parte da Toro Rosso e foi convidado para sessões de treino e simulações pelas gigantes Ferrari e McLaren, mas optou por dar passos seguros e correr na F2, sem perder de vista a rainha do automobilismo..Os amantes da estatística e dos factos (assim como dos que torcem contra) não embarcam no conto de fadas e lembram que o jovem piloto alemão foi derrotado na F4 por um australiano chamado Joey Mawson, que desapareceu do cenário automobilístico. Além disso, ganhou a F3 Euro, em 2018, porque recebeu um motor mais potente do due os adversários para as últimas corridas (prática que não era ilegal, diga-se). Indesmentível é o facto de ser líder do campeonato da F2, com 191 pontos contra 169 do vice-líder, Callum Ilott..Com as escuderias cada vez mais preenchidas por herdeiros, onde os apelidos se embrenham com o talento - Ascari, Alesi, Villeneuve, Hill, Rosberg, Verstappen, Fittipaldi, Senna, Sainz e agora Schumacher - conseguirá Mick fazer esquecer o pai? Só precisa alcançar, no mínimo, sete títulos mundiais e, pelo menos, 150 vitórias na F1, entre uma infindável lista de recordes (Hamilton tem tentado superar) e sucessos...