O que é feito de Tina Maze, a musa eslovena do esqui?
Para Tina Maze viver sem neve "é aborrecido". Seis anos depois do adeus às pistas de esqui, a musa eslovena continua muito ativa no desporto. "Uma vez atleta sempre atleta. Preciso de ação para me sentir viva, mas preciso do desporto para me sentir bem. Não pratico com a mesma intensidade, mas continuo a fazer muito esqui. Porque viver sem neve é... aborrecido", disse ao DN, a propósito do desafio proposto pela Eurosport, para comentar os Campeonatos do Mundo de Esqui Alpino, que se realizam em St. Moritz, na Suíça até dia 19.
Abandonou a alta competição, em 2016, dois anos após ser campeã Olímpica (Sochi 2014) e um ano após ser campeã mundial (). Disse não ter energia para continuar. "Não foi apenas uma questão da saúde mental foi também uma questão física, tive problemas para conseguir bons resultados daí ter decidido parar um ano e depois percebido que era altura para parar. Demorei para tomar a decisão, mas acho que foi a decisão certa. Talvez pudesse ter parado antes, porque os três últimos anos foram muito duros para mim, mas se tivesse parado em 2012 ou 2013 não tinha conseguido duas medalhas de ouro", explicou a eslovena, dona de quatro medalhas olímpicas e quatro títulos mundiais.
Foi a primeira atleta a conseguir uma medalha Olímpica (prata em Vancouver 2010) e a primeira campeã olímpica (Sochi 2014) da Eslovénia. Depois de chegar ao Olimpo pousou para uma fotografia com uma camisola que tinha escrito a seguinte mensagem: Keep calm coz I"m the Queen (Fique calmo porque eu sou a rainha). Por isso hoje diz que se uma medalha olímpica é bom, duas [ouro no slalom gigante e prata em downhill em Sochi] são bem melhores, mas nenhuma bate a maior medalha que a vida lhe deu: a filha.
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Antes de aparecer Mikaela Shiffrin e Lindsey Vonn, reinou Tina Maze. Tal como as norte-americanas, a eslovena também se destacou pela beleza física, para lá dos troféus ganhos. Isso foi um peso e uma bênção. "No início muitos viam a beleza e não o talento e isso perturbava-me um pouco, mas depois percebi que se tens e podes usar ambos melhor. Se consegues tirar o melhor partido do trabalho árduo tendo boa imagem melhor. Adoro atletas que se conseguem expressar e conseguem ser profundos. As pessoas gostam de atletas bonitos, simpáticos, mas que esquiem bem e não sejam superficiais", disse ao DN.
Nascida em 1983, em Slovenj Gradec, onde "não havia mais nada para fazer senão esquiar", Tina Maze (39 anos) começou a esquiar com três anos e a competir em provas internacionais com 16, primeiro em slalom gigante e Super-G, mas depois tornou-se multifacetada e tanto competia em provas técnicas como nas de velocidade. Em 2015 roubou a cena à rival Lindsey Vonn ao conquistar o título mundial de downhill em solo norte-americano, naquele que seria o adeus aos mundiais e às pistas de esqui.
Hoje é considerada por muitos como a melhor atleta de sempre da Eslovénia. Diz que lida "muito bem com isso", apesar de ser sinónimo de alguns constrangimentos quando está no país que a viu nascer e que a nomeou embaixadora do Turismo: "Não gosto de passar muito tempo seguido na Eslovénia porque não consigo passar despercebida. As pessoas muitas vezes olham, sabem quem sou, mas também não sabem o que fazer e, por vezes, torna-se embaraçoso, mas tento mostrar-me sempre disponível para autógrafos, selfies, etc."
A eslovena está de volta à Suíça, onde em 2012 viveu um episódio caricato durante uma prova. A Federação de Esqui da Suíça acusou-a de usar roupa interior ilegal, alegando que tinha excesso de plástico, o que lhe dava vantagem aerodinâmica. "Agora dá para rir", mas na altura, a Federação Internacional de Esqui chegou a confiscar a polémica roupa interior para análises de aerodinâmica. O resultado foi negativo, mas por via das dúvidas a entidade proibiu o material.
Por isso durante uma prova abriu o fato e mostrou o sutiã com uma mensagem escrita a marcador a dizer "não é da vossa conta" - como forma de protesto: "Foi uma forma de dizer que a miúda da Eslovénia não se ia calar e permitir uma intromissão grotesca como aquela." E também uma forma de dizer às outras atletas que não podem ser bem sucedidas se forem simpáticas o tempo todo: "Tive de mudar a minha forma de lidar com os media e mostrar quem era e o que pensava e foi assim que chamei mais atenção para mim também. A reação foi gigantesca."
Maze garante que vive bem com o papel de comentadora da Eurosport: "Tento sempre colocar-me no papel dos outros. Sei bem o que sente um atleta antes, durante e após uma competição. Este desafio de alguma forma me mantém perto da família do esqui. Ter conversas com atletas é bom porque eles sentem-se confortáveis em falar com alguém que já esteve no lugar deles, sabem o que fiz e reconhecem a minha opinião. É uma vantagem e bom para todos."
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A música é outra grande paixão de Tina Maze, que tem albúns gravados. O single My Way is My Decision é um sucesso na Eslovénia, com milhares de visualizações.
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