O primeiro negócio feito na Net? Um saco de marijuana
Na próxima semana realizar-se-á uma reunião de peritos para "elaborar um plano de cooperação" entre os Estados membros da UE e os outros países "para combater a utilização da internet como meio de distribuição de drogas na UE". O encontro foi anunciado na terça-feira pelo comissário europeu das Migrações, Assuntos Internos e Cidadania, Dimitros Avramopoulos, reconhecendo que o tráfico através da internet é uma das principais preocupações das autoridades europeias na luta contra a droga. E tudo começou há mais de 40 anos, quando se fez o primeiro negócio na Internet: um saco de marijuana.
No livro What the Dormouse Said: How the Sixties Counterculture Shaped the Personal Computer Industry, editado em 2006, o professor John Markoff defende que o comércio eletrónico nasceu com um negócio de droga, lembrou o The Guardian num artigo publicado em abril de 2013.
Segundo o jornal, nesta obra, o autor defende que, em 1971 ou 1972, estudantes do Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade de Stanford encetaram uma transação comercial com os colegas do Instituto de Tecnologia de Massachussetts. Usavam ainda o Arpanet, acrónimo de Advanced Research Projects Agency Network, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e que foi a precursora da Internet, criada apenas para os militares, mas às quais algumas universidades ou instituições podiam aceder.
"Antes da Amazon, do e-Bay, o ato seminal de comércio eletrónico foi uma transação de droga. Os estudantes usaram a rede para organizar tranquilamente a venda de uma quantidade indeterminada de marijuana", diz o escritor.
Mais de 40 anos depois, a "dark net" é usada como meio de comunicação e como fonte de fornecimento de droga, o que representa um dos grandes desafios das políticas de luta contra os estupefacientes.
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Na apresentação do "Relatório Europeu sobre Drogas 2016: Tendências e Evoluções" pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla de língua inglesa), em Lisboa, na terça-feira passada, Dimitros Avramopoulos sublinhou que "com as novas drogas e os novos padrões do seu consumo, da sua produção e distribuição, nomeadamente, através da internet, há impactos significativos para a saúde pública, que é necessário enfrentar e combater". Ao DN, fonte da PJ frisou que a "investigação que envolve a internet é complexa" e, por isso, estão neste momento a ser formados profissionais que possam intervir nesta área.