O poder e a confiança

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É sempre problemática a atribuição de "poder" porque em cada caso se trata sempre de identificar o objetivo em vista, quer para criar quer para recuperar. Por outro lado, exige sempre avaliar a natureza do poder em causa, o que tem que ver com o limite, ser próprio ou delegado, conferido sem vigência ou limite. É evidente que os especialistas multiplicam a linguagem, porque as teorias políticas o provocam, porque se pode tratar de poder político, mas exigir construir o económico, pode ser individual com a variante dos titulares convidados de governação.

É natural que a complexidade tenha frequentemente prioridade pela necessidade de comunicação dela pelo titular e pela vontade de substituição anunciada pelos adversários. Acontece também uma variação de valoração em relação aos titulares do poder das metas, mas frequentemente antes da crescente democratização do regime. A fuga das adjetivações da qualidade das elites tem influência na sua efetiva hierarquia e relação segura com o conceito de "pragmatismo", que William James (1842-1910) concluiu que orientava a graduação, quer pelos resultados obtidos, quer pela graduação das intervenções. Nos EUA o pragmatismo parece ter-se tornado dominante na área do poder político, o que não significa que a integridade dos valores esteja assegurada. Em toda esta complexa matéria a previsão de futuro é exigente, porque os responsáveis colocam sempre em risco a sua posição no processo de que foram ativos, e a escolha social é sempre um risco frequentemente não percebido.

Temos isto em causa porque os difíceis dias da época em que nos encontramos parecem inspirar uma nova prática na hierarquia dos problemas que desafiam a capacidade respeitada do poder em causa. Não é a quantidade dos desafios à vida confiável que está em causa, porque a enumeração multiplica as informações e opiniões publicadas. É a hierarquia dos riscos que parece desafiar o rigor dos que têm a intervenção. A enumeração não é coberta por segredo possível, porque o sofrimento ou o receio não cultivam o cobrir da imagem. Mas quando na mesma semana ou dia o fortalecimento do Covid-19 ameaça visivelmente a própria Europa, e dez países europeus estão numa situação inquietante para as autoridades e para as pessoas de todas as idades, não é tranquilizante que a diplomacia entre Paris e Moscovo traga a busca de tranquilidade difícil levando ao diálogo entre os ministros respetivos dos negócios estrangeiros e das forças armadas e justamente em Paris para abordarem as diferenças.

As questões deste domínio são muitas, mas é difícil chegar à tranquilidade das populações atingidas pela crise da pandemia. A crise da "terra casa comum dos homens" que consegue um encontro na questão do ambiente que não tranquiliza a juventude herdeira do legado que a geração viva, mas que não viverá, vai criando para lhes deixar. Também parece por vezes secundarizada a questão das migrações, da criação de muros de defesa que impedem a pura salvação de vida. Existe o dever de salvaguardar o Planeta "Terra comum dos homens" e vemos o "credo dos valores" a formular o legado à juventude herdeira em cuja vida não participaremos. No governar o que resta do presente e futuro do planeta não parece recomendável que continuem tão múltiplas as discrepâncias de grandes e pequenas ambições que julgam ganhar uma hierarquia própria, com a população intocável, e uma supremacia alargada.

A Europa, da união fatigada, considera-se ameaçada pela nova estratégia do Covid-19, mas parece-lhe claro e de primeira exigência a resolução inglesa de rever os acordos da saída da União, ou discutir tensões franco-russas, em que antes a discussão do Presidente da Rússia e da Turquia é sobre a Líbia, não podendo dar garantias gerais que impeçam o desastre dos emigrantes, incluindo mulheres e filhos, que fogem da terra em que nasceram para morrer em águas que mal conheciam. É evidente que as eleições são por vezes um desafio para imaginar que a terra apenas existe para os poucos, quando toda a Natureza sabe que não tem espécies em que o ponto final não tenha sido decidido. Os avisos da ONU sobre o "pântano" não esperam por uma resposta, de todas as fés e etnias, para reinventar um governo global que corrija o desastre do planeta. Assumir a responsabilidade de reinventar uma nova ordem global é o desafio tornado visível e esperando empenho, esperança e confiança.

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