O paradoxo da abstenção: parece maior mas afinal é menor
A afluência às urnas pelas 16h00 era de 35,44% diz a administração eleitoral. Há cinco anos, pela mesma hora, essa percentagem era maior, de 37,69%, de acordo com a mesma fonte.
Os valores percentuais distorcem, porém, os valores absolutos. De facto, até às 16h00 de hoje já tinham votado mais pessoas do que até às 16h00 no dia das presidenciais de 2016.
O problema é que o número a partir do qual se faz a percentagem (o número total de inscritos) mudou.
Em 2016 eram 9,7 milhões (9 741 377). Mas agora são 10,8 milhões (10 856 010), por causa do recenseamento automático.
Em suma: nas presidenciais de há cinco anos tinham votado, até às 16h00, 3,6 milhões de eleitores (3 671 524). Agora, até às 16h00, votaram 3,8 milhões (3 847 366).
Portanto, nestas presidenciais já votaram mais 175,8 mil eleitores do que nas de 2016, até às 16h00.
A afluência às urnas pelas 12h00 era de 17,07%. À mesma hora em 2016 era menor, percentualmente: 15,82%.
Em valores absolutos, isto significava que nas presidenciais deste domingo já tinham votado pelas 12h00 mais de 1,8 milhões de eleitores (1 854 657). Este número inclui os votos 197 mil votos antecipados registados há uma semana.
Em 2016, à mesma hora, esse valor era de cerca de 1,5 milhões de eleitores (1 541 084).
Dito de outra forma: até às 12h00 (hora do continente) já tinham votado mais cerca de 300 mil eleitores do que até à mesma hora nas presidenciais de 2016.
Segundo a Lusa, a administração eleitoral começou a divulgar em 2006, de forma sistemática, a afluência às urnas às 12h00 e às 16h00.
A afluência de hoje às 12h00 foi a segunda mais alta desde então. O seu valor só foi superado pelo registado nas presidenciais de 2006 (19%).