O novo rei do Ruanda é um cidadão inglês que vive em Manchester

A indicação do sucessor de Kigeli V está a gerar polémica, embora o país não seja uma monarquia há mais de 50 anos
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Três meses depois da morte do rei do Ruanda, um rei sem reino que morreu no exílio, nos Estados Unidos, com 80 anos, surge a notícia de que o título vai passar para um sobrinho, Emmanuel Bushayija, que tem nacionalidade inglesa e vive na área de Manchester, com a mulher e os dois filhos.

"O conselho real ruandês de Abiru informa todos os ruandeses e amigos do Ruanda que em consonância com a tradição, Vossa Alteza Real o Príncipe Emmanuel Bushayija foi aclamado como o sucessor", indicou Boniface Benzinge, que lidera um grupo de sábios de vários clãs, através do Facebook.

A família do antigo rei, reunida para o funeral, no entanto, rejeita este pretendente. "Ouvimos as notícias surpreendentes de que foi coroado um novo rei. Isto está errado... Este pretenso rei não é o verdadeiro rei. Só os ruandeses podem escolher um novo rei", disse o pastor Ezra Mpyisi, antigo conselheiro do rei.

No entanto, esta indignação tem passado ao lado dos habitantes da capital do Ruanda, escreve a Reuters, já que o último rei foi deposto em 1961 e poucas pessoas querem saber deste tema.

Kigeli V Ndahindurwa, que morreu em outubro e cujo corpo foi levado para o Ruanda na semana passada, foi deposto dois anos depois de subir ao trono, tendo abandonado o país em seguida. O Ruanda tornou-se uma república e em 1962 tornou-se independente da Bélgica.

O rei levou uma vida discreta nos Estados Unidos durante mais de seis décadas, liderando uma instituição de solidariedade para refugiados do país. O governo já tinha autorizado o seu regresso, mas apenas como um cidadão normal, o que sempre rejeitou.

Emmanuel Bushayija era um bebé quando o rei partiu para o exílio, tendo estudado e trabalhado no Uganda. Em 1994 voltou ao Ruanda, mas em 2000 emigrou para o Reino Unido. Nos primeiro tempos no país viveu numa casa de habitação social, antes de se mudar para a casa atual, descrita como modesta pelo jornal Guardian. Bushayija ainda não fez qualquer comentário público sobre a sucessão ao trono.

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