O magnífico O Caderno Negro vai abrir o Cinecôa
À sétima é de vez: já é altura de levarmos a sério o Cinecôa, o festival que vai animar mais uma vez um dos mais belos territórios portugueses, a região de Foz Côa. Se no ano passado houve um hiato, este ano o cinema regressa com força a uma terra que precisa de cultura e de visitantes.
Depois de em 2016 o Cinecôa ter começado a chamar mais a atenção de cinéfilos com a presença de Hugh Hudson, o cineasta de Revolução e do oscarizado Momentos de Glória, 2018 tem tudo para ser o ano da afirmação, sobretudo com a antestreia de luxo da co-produção luso-francesa, O Caderno Negro, de Valeria Sarmiento, a partir de Camilo Castelo Branco. O filme serve para abrilhantar a homenagem de Côa a Paulo Branco, produtor que estará presente para receber as honras da casa.
O Caderno Negro pode não estar ao nível de Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz, mas não deixa de ser um notável feito: um épico folhetinesco que narra as desventuras de uma criada que descobre ser filha de uma princesa em plena época das conquistas napoleónicas. O elenco tem a francesa Lou de Laâge como protagonista, mas há notáveis pequenas participações de atores portugueses como Victoria Guerra, Catarina Wallenstein ou Filipe Vargas. A presença em Côa acontecerá logo depois de ser exibido em competição no consagrado Festival de San Sebastian.
Se o filme de Valeria Sarmiento é uma agradável surpresa, o Cinecôa tem outros trundos, como é o caso de uma outra antestreia, Uma Vida Sublime, de Luís Diogo, que passa dia 28, seguido de um concerto dos Moonshiners. O filme já foi mostrado em Lisboa, durante o Festin.
Está também previsto uma sessão do documentário que foi uma pequena surpresa nas bilheteiras, Setembro- A Vida Inteira, de Ana Sofia Fonseca, saga dócil sobre as famílias em Portugal que fazem vinho com amor.
O Cinecôa- Festival Internacional de Cinema de Côa, além de mostrar cinema à beira Douro num ambiente de franco convívio, é um festival que quer apostar cada vez mais no cinema. Não tem mais olhos que barriga - dura apenas um fim-de-semana - mas consegue também convocar outras artes, com destaque para a música. Este ano não vai faltar uma sessão de encerramento com o maestro António Vitorino d'Almeida a interpretar músicas de filmes.
Em edições anteriores, o Cinecôa já convidou nomes como António-Pedro Vasconcelos, Tino Navarro ou Benôit Jacquot. Um festival que este ano volta a ter direção artística de António-Costa Valente, produtor de cinema e responsável pelo Festival de Avanca.
A partir de 27 de setembro é no Douro Superior que a tertúlia cinéfila em Portugal faz mais sentido.