Por estes dias Paris fará silêncio, que se vai cantar o fado. É no Trianon, um teatro centenário em Montmartre (integralmente restaurado em 2010), cujo palco está pronto a receber Carminho, Jorge Fernando, Mara Pedro, Luísa Rocha e o projeto de lusodescendentes Fado Clandestino. Afinal, é em português com sotaque francês que se conta esta história do primeiro festival Fado in Paris, marcado para este fim de semana..Um trio luso-francês juntou-se na organização: Valérie do Carmo (Académie de Fado), José Antunes (Dyam, produtora) e Jean-Bernard dos Santos (plataforma de comunicação MaisFado). Afinal, chegar aqui é apenas o reflexo do trabalho que todos têm vindo a fazer na divulgação do fado em Paris, única cidade fora de Lisboa onde existe, de facto, um circuito de fado..Recuemos até 9 maio de 2018. É o dia da Europa e na Place de l´Hôtel de Ville, em Vincennes, um palco enche-se de guitarras portuguesas, xales de franjas e vozes afinadas. Cá em baixo, os franceses acompanham com palmas "um craveiro numa água furtada...", o refrão de Cheira a Lisboa imortalizado por Amália Rodrigues. Quando desce do palco, Valérie do Carmo ainda está emocionada. Afinal, os alunos da Academia de Fado que dirige numa rua contígua estiveram em grande forma naquele espetáculo, a convite da câmara local.."O canto é uma coisa que não se ensina, dizem alguns. Até posso perceber isso, mas, como também é uma música, há coisas que podemos ensinar: a respiração, a colocação de voz, as tonalidades, o compasso, a pronúncia." Valérie fala num português irrepreensível, quase sem sotaque. Mas tudo isso de que fala são atributos de Mónica Cunha, a fadista-professora que a ajuda a levar esse barco a bom porto. O mesmo acontece com outro professor da escola de música, Vítor do Carmo, pai de Valérie, que nasceu numa família de fadistas, num bairro típico de Lisboa. Jorge Dias (letrista e fadista) e Alice do Carmo (fadista) são apenas dois dos mais conhecidos na capital.."Muitas vezes casaram-se com fadistas, na minha família", conta a diretora da Academia de Fado, que tinha o destino traçado. Nasceu em Paris, licenciou-se em Direito, e ao cabo de uma carreira profissional como advogada, durante uma década, percebeu que aquela não era a profissão da sua vida. E por isso foi dar de beber à dor, a certa altura. Sempre se interessara pela música, desde a infância, desde quando aprendeu guitarra clássica no Conservatório..Quando conheceu a proprietária da escola de música da Rua Raymond du Temple, numa altura em que iria reformar-se, agarrou a oportunidade de mudar de vida. Estabeleceu sociedade com uma bailarina de flamenco, Anita Losada, e assim se fez uma parceria latina no universo musical de Paris, com a Academia de Música e Danças do Mundo, que integra a Academia de Fado, também..Valérie lembra-se bem de ir tomando consciência de como "todos os fadistas, principalmente os músicos, estavam a envelhecer", quando ia a noites de fado em Paris. A cidade é a única fora de Lisboa com um circuito próprio de fado. Foi assim que conheceu Mónica Cunha..Filipe de Sousa e Nuno Estevães são dois dos mais jovens guitarristas nesse circuito parisiense, que acabaram por trabalhar com ela, na Academia, a primeira em França dedicada ao fado. Ali, no n.º 9, todas as semanas há aulas de guitarra portuguesa..Valérie do Carmo tem feito um trabalho de divulgação nas escolas, na tentativa de cativar alunos mais novos. Mas isso nem sempre é fácil. Na Academia, tenta mostrar aos alunos "que o fado é uma coisa muito tradicional, que já existe há 200 anos, que está muito enraizado no país, mas temos de o conhecer bem para o cantar e tocar. Mas também queremos mostrar que o fado é uma música internacional, que pode ser tocada no mundo inteiro, e que é também uma música contemporânea". No fundo, Valérie quer mostrar a esses jovens lusodescendentes - ou franceses ou de outra origem qualquer - "que há músicos muito novos a compor, a cantar e a tocar"..De Vincennes à Voz do Operário."O que tento mostrar aqui é o que o fado não é só Amália Rodrigues. Em Portugal já saímos disso há muito tempo. Mas aqui demorou um pouco mais." A Academia de Fado abriu portas há quase cinco anos e tem atualmente 40 alunos, de todas as idades. Os mais jovens, na casa dos 20 anos, os outros com idades diversas. Entre eles, três raparigas aprendem guitarra portuguesa, uma delas francesa..Há um ano, em março, Valérie trouxe os alunos a Lisboa, para que pudessem conhecer o Museu do Fado e experimentar casas típicas. Para ela foi emblemático o momento em que os levou a conhecer a Voz do Operário, e em que puderam misturar-se com os alunos do mestre António Parreira, entre outros da casa. "A ideia foi eles descobrirem por que é que as pessoas gostam tanto de fado em Lisboa." Para além disso, a Academia sai muitas vezes da região de Paris para mostrar o que faz. Na Bretanha, em Lyon, Nantes ou Bordéus, já muitos lusodescendentes conhecem esse trabalho de promoção e divulgação da canção nacional..A jurista/guitarrista mais conhecida no meio parisiense sabe que na capital francesa "os alunos não têm tantas oportunidades de entrar no fado como em Lisboa, onde em qualquer tasca podem entrar, cantar e tocar". Em Paris "não é bem assim". Mas há restaurantes com essa programação regular, associações dedicadas à música portuguesa. Para dar largas a essa musicalidade, a Academia de Fado organiza noites de fado vadio, em que os alunos podem cantar e tocar à vontade..Quando olha a la longue, Valérie do Carmo gostava "que abrissem outras academias em França. Não tem de ser comigo, diretamente, mas gostava de dar esse impulso para que as pessoas se interessassem pelo fado. E principalmente trazer os mais jovens, para que com 12 ou 13 anos os miúdos começassem a aprender a tocar guitarra portuguesa, ou a cantar, e não terem vergonha disso. Porque é difícil viver em França e, quando lhe perguntam qual é a atividade que têm à quarta-feira à tarde, dizer "eu canto fado...". Em Portugal ninguém iria rir-se, e seria normal", conclui..Ia fazer Erasmus, tornou-se fadista.Entre os fadistas que cantam em Paris regularmente está Mónica Cunha. Chegou a Paris há dez anos, para fazer Erasmus, voltou a Lisboa para terminar a licenciatura, mas Paris já se entranhara nela quando conheceu "algumas pessoas interessantes, que me deram algumas ideias, para fazer alguma coisa na área da literatura, e vim fazer mestrado". Começou logo a dar aulas, e hoje é professora do Instituto Camões..Em Lisboa já cantava, embora de forma amadora. Nunca tinha levado o fado muito a sério. Foi em Paris que acabou por se profissionalizar: "Surgiram os primeiros convites, e começou a tornar-se uma coisa séria." Nesse circuito de fado "há pessoas que vivem exclusivamente disso, músicos que estão cá há 40 anos. Não há casas de fado como em Lisboa, mas há sítios onde o fado se canta e toca com regularidade". Entretanto, o mercado francês começa a abrir-se, há muitos convites por parte das câmaras municipais. Para ela, já é "mais do que hobby". Por isso, vai-se multiplicando entre o fado e as aulas. Não se identifica com nenhuma fadista em particular, mas há vários de que gosta, e que acabam por influenciá-la, embora não de forma direta. E aí tanto refere Beatriz da Conceição como Maria da Nazaré, ou Ana Moura, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro ou Fernando Maurício. "Todos eles têm estilos muito diferentes mas cada um deles me agrada", sublinha Mónica, que habitualmente canta qualquer um deles nos seus espetáculos..Atualmente, não pensa deixar o ensino para se dedicar em exclusivo ao fado, até porque se sente confortável neste registo: as aulas de dia e o fado à noite. Normalmente é acompanhada por Filipe de Sousa e Casimiro Silva, mas sublinha que trabalha "com toda a gente"..Uma grande parte da comunidade portuguesa aprecia fado e volta aos espetáculos. Nos últimos tempos, Mónica repara noutro pormenor: os portugueses conseguiram passar essa paixão aos amigos franceses. Tanto assim que, não raras vezes, o público dos espetáculos divide-se entre ambas as nacionalidades. A fadista nunca se imaginou em Paris, cidade com a qual nem simpatizava particularmente. Mas por agora sente-se em casa. Portuguesa, com certeza..Promover a lusofonia.Fundada em 1989 por José Antunes, a produtora Dyam (que divide a organização do festival) nasceu com o destino traçado: a promoção da música e dos artistas lusófonos pelo mundo. Acabou por tornar-se a primeira empresa portuguesa a ter a totalidade das licenças para a realização de espetáculos em França, sob a tutela dos ministérios do Trabalho e da Cultura. Pelas mãos da Dyam passaram os grandes espetáculos de Tony Carreira, Mariza, Ana Moura, Pedro Abrunhosa, Xutos & Pontapés, Dulce Pontes, Boss AC, Carlos do Carmo, Calema, Luís Represas ou António Zambujo..A produtora de José Antunes conhece bem os corredores de salas míticas como o Olympia, Palais des Congrès, Zenith, Grand Rex, La Cigale, entre outras. Em Portugal movimenta-se com regularidade no Coliseu de Lisboa, Coliseu do Porto ou no Meo Arena..O mais jovem deste trio que organiza o primeiro festival do fado em Paris é Jean-Bernard dos Santos. Tem apenas 30 anos e nasceu em França, filho de um casal de emigrantes de Alcobaça. O jovem especialista em publicidade online criou uma ligação bastante forte com Portugal desde que estudou no mítico Liceu Internacional de Saint Germain en Laye, onde a língua portuguesa continua a fazer-se ouvir mais alto do que na maioria das outras escolas secundárias. É um apaixonado pelo fado - que começou a ouvir em pequeno, além de assistir a todos os espetáculos que podia nos espaços de referência cultural em Paris. Foi assim que lhe nasceu a ideia de partilhar essa paixão, primeiro com familiares e amigos, e, desde outubro de 2015, com todas as redes sociais, através da plataforma MaisFado..Jean-Bernard criou no ano passado uma empresa dedicada à promoção do fado pelo mundo inteiro, saltando as barreiras de Lisboa e de Paris. De resto, participou também no guia de Lisboa realizado pelo Facebook, como referência do fado.
Por estes dias Paris fará silêncio, que se vai cantar o fado. É no Trianon, um teatro centenário em Montmartre (integralmente restaurado em 2010), cujo palco está pronto a receber Carminho, Jorge Fernando, Mara Pedro, Luísa Rocha e o projeto de lusodescendentes Fado Clandestino. Afinal, é em português com sotaque francês que se conta esta história do primeiro festival Fado in Paris, marcado para este fim de semana..Um trio luso-francês juntou-se na organização: Valérie do Carmo (Académie de Fado), José Antunes (Dyam, produtora) e Jean-Bernard dos Santos (plataforma de comunicação MaisFado). Afinal, chegar aqui é apenas o reflexo do trabalho que todos têm vindo a fazer na divulgação do fado em Paris, única cidade fora de Lisboa onde existe, de facto, um circuito de fado..Recuemos até 9 maio de 2018. É o dia da Europa e na Place de l´Hôtel de Ville, em Vincennes, um palco enche-se de guitarras portuguesas, xales de franjas e vozes afinadas. Cá em baixo, os franceses acompanham com palmas "um craveiro numa água furtada...", o refrão de Cheira a Lisboa imortalizado por Amália Rodrigues. Quando desce do palco, Valérie do Carmo ainda está emocionada. Afinal, os alunos da Academia de Fado que dirige numa rua contígua estiveram em grande forma naquele espetáculo, a convite da câmara local.."O canto é uma coisa que não se ensina, dizem alguns. Até posso perceber isso, mas, como também é uma música, há coisas que podemos ensinar: a respiração, a colocação de voz, as tonalidades, o compasso, a pronúncia." Valérie fala num português irrepreensível, quase sem sotaque. Mas tudo isso de que fala são atributos de Mónica Cunha, a fadista-professora que a ajuda a levar esse barco a bom porto. O mesmo acontece com outro professor da escola de música, Vítor do Carmo, pai de Valérie, que nasceu numa família de fadistas, num bairro típico de Lisboa. Jorge Dias (letrista e fadista) e Alice do Carmo (fadista) são apenas dois dos mais conhecidos na capital.."Muitas vezes casaram-se com fadistas, na minha família", conta a diretora da Academia de Fado, que tinha o destino traçado. Nasceu em Paris, licenciou-se em Direito, e ao cabo de uma carreira profissional como advogada, durante uma década, percebeu que aquela não era a profissão da sua vida. E por isso foi dar de beber à dor, a certa altura. Sempre se interessara pela música, desde a infância, desde quando aprendeu guitarra clássica no Conservatório..Quando conheceu a proprietária da escola de música da Rua Raymond du Temple, numa altura em que iria reformar-se, agarrou a oportunidade de mudar de vida. Estabeleceu sociedade com uma bailarina de flamenco, Anita Losada, e assim se fez uma parceria latina no universo musical de Paris, com a Academia de Música e Danças do Mundo, que integra a Academia de Fado, também..Valérie lembra-se bem de ir tomando consciência de como "todos os fadistas, principalmente os músicos, estavam a envelhecer", quando ia a noites de fado em Paris. A cidade é a única fora de Lisboa com um circuito próprio de fado. Foi assim que conheceu Mónica Cunha..Filipe de Sousa e Nuno Estevães são dois dos mais jovens guitarristas nesse circuito parisiense, que acabaram por trabalhar com ela, na Academia, a primeira em França dedicada ao fado. Ali, no n.º 9, todas as semanas há aulas de guitarra portuguesa..Valérie do Carmo tem feito um trabalho de divulgação nas escolas, na tentativa de cativar alunos mais novos. Mas isso nem sempre é fácil. Na Academia, tenta mostrar aos alunos "que o fado é uma coisa muito tradicional, que já existe há 200 anos, que está muito enraizado no país, mas temos de o conhecer bem para o cantar e tocar. Mas também queremos mostrar que o fado é uma música internacional, que pode ser tocada no mundo inteiro, e que é também uma música contemporânea". No fundo, Valérie quer mostrar a esses jovens lusodescendentes - ou franceses ou de outra origem qualquer - "que há músicos muito novos a compor, a cantar e a tocar"..De Vincennes à Voz do Operário."O que tento mostrar aqui é o que o fado não é só Amália Rodrigues. Em Portugal já saímos disso há muito tempo. Mas aqui demorou um pouco mais." A Academia de Fado abriu portas há quase cinco anos e tem atualmente 40 alunos, de todas as idades. Os mais jovens, na casa dos 20 anos, os outros com idades diversas. Entre eles, três raparigas aprendem guitarra portuguesa, uma delas francesa..Há um ano, em março, Valérie trouxe os alunos a Lisboa, para que pudessem conhecer o Museu do Fado e experimentar casas típicas. Para ela foi emblemático o momento em que os levou a conhecer a Voz do Operário, e em que puderam misturar-se com os alunos do mestre António Parreira, entre outros da casa. "A ideia foi eles descobrirem por que é que as pessoas gostam tanto de fado em Lisboa." Para além disso, a Academia sai muitas vezes da região de Paris para mostrar o que faz. Na Bretanha, em Lyon, Nantes ou Bordéus, já muitos lusodescendentes conhecem esse trabalho de promoção e divulgação da canção nacional..A jurista/guitarrista mais conhecida no meio parisiense sabe que na capital francesa "os alunos não têm tantas oportunidades de entrar no fado como em Lisboa, onde em qualquer tasca podem entrar, cantar e tocar". Em Paris "não é bem assim". Mas há restaurantes com essa programação regular, associações dedicadas à música portuguesa. Para dar largas a essa musicalidade, a Academia de Fado organiza noites de fado vadio, em que os alunos podem cantar e tocar à vontade..Quando olha a la longue, Valérie do Carmo gostava "que abrissem outras academias em França. Não tem de ser comigo, diretamente, mas gostava de dar esse impulso para que as pessoas se interessassem pelo fado. E principalmente trazer os mais jovens, para que com 12 ou 13 anos os miúdos começassem a aprender a tocar guitarra portuguesa, ou a cantar, e não terem vergonha disso. Porque é difícil viver em França e, quando lhe perguntam qual é a atividade que têm à quarta-feira à tarde, dizer "eu canto fado...". Em Portugal ninguém iria rir-se, e seria normal", conclui..Ia fazer Erasmus, tornou-se fadista.Entre os fadistas que cantam em Paris regularmente está Mónica Cunha. Chegou a Paris há dez anos, para fazer Erasmus, voltou a Lisboa para terminar a licenciatura, mas Paris já se entranhara nela quando conheceu "algumas pessoas interessantes, que me deram algumas ideias, para fazer alguma coisa na área da literatura, e vim fazer mestrado". Começou logo a dar aulas, e hoje é professora do Instituto Camões..Em Lisboa já cantava, embora de forma amadora. Nunca tinha levado o fado muito a sério. Foi em Paris que acabou por se profissionalizar: "Surgiram os primeiros convites, e começou a tornar-se uma coisa séria." Nesse circuito de fado "há pessoas que vivem exclusivamente disso, músicos que estão cá há 40 anos. Não há casas de fado como em Lisboa, mas há sítios onde o fado se canta e toca com regularidade". Entretanto, o mercado francês começa a abrir-se, há muitos convites por parte das câmaras municipais. Para ela, já é "mais do que hobby". Por isso, vai-se multiplicando entre o fado e as aulas. Não se identifica com nenhuma fadista em particular, mas há vários de que gosta, e que acabam por influenciá-la, embora não de forma direta. E aí tanto refere Beatriz da Conceição como Maria da Nazaré, ou Ana Moura, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro ou Fernando Maurício. "Todos eles têm estilos muito diferentes mas cada um deles me agrada", sublinha Mónica, que habitualmente canta qualquer um deles nos seus espetáculos..Atualmente, não pensa deixar o ensino para se dedicar em exclusivo ao fado, até porque se sente confortável neste registo: as aulas de dia e o fado à noite. Normalmente é acompanhada por Filipe de Sousa e Casimiro Silva, mas sublinha que trabalha "com toda a gente"..Uma grande parte da comunidade portuguesa aprecia fado e volta aos espetáculos. Nos últimos tempos, Mónica repara noutro pormenor: os portugueses conseguiram passar essa paixão aos amigos franceses. Tanto assim que, não raras vezes, o público dos espetáculos divide-se entre ambas as nacionalidades. A fadista nunca se imaginou em Paris, cidade com a qual nem simpatizava particularmente. Mas por agora sente-se em casa. Portuguesa, com certeza..Promover a lusofonia.Fundada em 1989 por José Antunes, a produtora Dyam (que divide a organização do festival) nasceu com o destino traçado: a promoção da música e dos artistas lusófonos pelo mundo. Acabou por tornar-se a primeira empresa portuguesa a ter a totalidade das licenças para a realização de espetáculos em França, sob a tutela dos ministérios do Trabalho e da Cultura. Pelas mãos da Dyam passaram os grandes espetáculos de Tony Carreira, Mariza, Ana Moura, Pedro Abrunhosa, Xutos & Pontapés, Dulce Pontes, Boss AC, Carlos do Carmo, Calema, Luís Represas ou António Zambujo..A produtora de José Antunes conhece bem os corredores de salas míticas como o Olympia, Palais des Congrès, Zenith, Grand Rex, La Cigale, entre outras. Em Portugal movimenta-se com regularidade no Coliseu de Lisboa, Coliseu do Porto ou no Meo Arena..O mais jovem deste trio que organiza o primeiro festival do fado em Paris é Jean-Bernard dos Santos. Tem apenas 30 anos e nasceu em França, filho de um casal de emigrantes de Alcobaça. O jovem especialista em publicidade online criou uma ligação bastante forte com Portugal desde que estudou no mítico Liceu Internacional de Saint Germain en Laye, onde a língua portuguesa continua a fazer-se ouvir mais alto do que na maioria das outras escolas secundárias. É um apaixonado pelo fado - que começou a ouvir em pequeno, além de assistir a todos os espetáculos que podia nos espaços de referência cultural em Paris. Foi assim que lhe nasceu a ideia de partilhar essa paixão, primeiro com familiares e amigos, e, desde outubro de 2015, com todas as redes sociais, através da plataforma MaisFado..Jean-Bernard criou no ano passado uma empresa dedicada à promoção do fado pelo mundo inteiro, saltando as barreiras de Lisboa e de Paris. De resto, participou também no guia de Lisboa realizado pelo Facebook, como referência do fado.