Como explica a presença do advogado Lacerda Machado nestas negociações [resolução do diferendo entre o La Caixa e Isabel dos Santos]? Ele esteve não apenas numa reunião na CMVM onde estiveram os representantes de Isabel dos Santos e do La Caixa, mas também esteve nas negociações da TAP. Como justifica isso? Sim, é natural. Vamos lá a ver, o Diogo Lacerda Machado é o meu melhor amigo há muitos anos, temos uma relação muito próxima, já foi meu secretário de Estado. Por razões pessoais, não teve condições para poder exercer funções governativas..O que significa razões pessoais: são de ordem financeira? São razões pessoais, que não vou estar aqui... São pessoais e não são de natureza financeira. Mas ele disponibilizou-se sempre para colaborar em tudo aquilo que fosse útil. E tenho tido o privilégio, felizmente não só com ele mas [também] com outras pessoas, de poder contar com essa ajuda..Lacerda Machado é advogado, tem outras atividades mas não tem contrato, isso faz sentido? Olhe, acabámos por celebrar um contrato, porque as pessoas achavam que o facto de não haver nenhuma despesa do Estado com o tempo dedicado pelo Dr. Diogo Lacerda poderia....A existência de um contrato não torna a relação mais transparente? Não, é simplesmente mais caro para o Estado..Mais caro no início, mas, se calhar, mais barato a prazo. Desculpe lá! Acho simplesmente um dinheiro que podia não ser gasto. E, felizmente, [Lacerda Machado] tem podido colaborar, assim como continuará a colaborar comigo..Em diferentes assuntos? Em diferentes dossiês, onde a sua expertise negocial tem ajudado a resolver bastantes problemas..Expertise negocial significa o quê? É na área jurídica, é porque tem experiência na área dos negócios em concreto? Ele não foi contratado como advogado. No caso da TAP, o Estado tinha os seus próprios advogados..A Vieira de Almeida. O escritório de Vieira de Almeida & Associados. O Diogo Lacerda Machado é um caso... acho, aliás, absolutamente estonteante este interesse por ele. Mas é, de facto, uma pessoa que tem um jeito nato para procurar sentar as pessoas à mesa, para procurar encontrar soluções, para servir de mediador, para servir de conciliador e tem sido, aliás, bastante apreciado não só pelo Estado mas também pelos diferentes intervenientes. Ele interveio, também, na questão dos lesados do BES. E devo dizer-lhe que, sempre que entender que ele é útil nessa função e ele estiver disponível, ainda bem que posso contar com ele. Há outras pessoas a quem recorri no passado quando fui presidente de câmara. Há uma função que o governo tem e de que não deve abdicar, porque é necessária e é útil - como, aliás, explicitou bem o senhor Presidente da República -, que é não deixar degradar problemas que podem e devem ser resolvidos de forma a não se criarem gangrenas que são altamente prejudiciais ao país. É o caso dos lesados do BES, o caso da TAP. São casos em que a intervenção do Estado se impôs, pela força das circunstâncias. Se me pergunta se eu preferia ter dedicado mais do meu tempo a tratar de outro tipo de problemas, garanto-lhe que sim. Chamo a atenção para o facto de, entres estes casos todos, o único que resulta da execução do Programa do Governo é a execução da TAP. Todos os outros são as funções que o governo teve de desempenhar, assuntos com que foi confrontado..Leia a entrevista completa: .[artigo:5118926].[artigo:5118979].[artigo:5119030].[artigo:5119032]