O Curtas votou na escola
Leva nacional invulgarmente estimulante neste Curtas 2018. Vila do Conde continua a ser um dos melhores festivais do mundo de curtas-metragens e a mais exigente montra do novíssimo cinema português. Mas a partir desta edição a fronteira entre "filme de escola" e filme para competição esbate-se. Onde o Verão Vai (Episódios da Juventude), de David Pinheiro Vicente, já mostrado na competição da Berlinale, foi considerado pelo júri o melhor filme da competição nacional, embora outros filmes da secção Take One!, pensada para mostrar filmes de escola e primeiros ensaios, pudessem perfeitamente estar na competição nacional , como o divertido documentário A Ver o Mar, que deu a André Puertas e Ana Oliveira o prémio de melhor de melhor realização.
Se o jovem David Pinheiro Vicente já era uma "descoberta" depois da seleção para Berlim, a vitória em Vila do Conde é também uma confirmação para o trabalho da Escola Superior de Cinema, que também produziu Amor, Aveninas Novas, de Duarte Coimbra, também vencedor do Take One! Foram dois dos grandes filmes vistos no festival, onde igualmente pesos-pesados como Ivo M. Ferreia (Equinócio) e Rodrigo Areias (Pixel Frio), mostraram uma audácia que infelizmente não coube no palmarés. Ficamos com pena ainda de outra ausência, a de Declive, de Eduardo Brito, filme que confirma tudo de bom que o anterior Penúmbria já mostrava.
O Prémio do Público foi para Entre Sombras, de Alice Eça Guimarães e Mónica Santos, um "noir" filmado e fotografado no Porto, prodígio técnico que mostra uma capacidade narrativa feliz, coisa rara neste cinema de autor mostrado em Vila do Conde.
O melhor filme visto nesta semana na cidade do Rio Ave foi mostrado numa secção não competitiva. José Magro realizou A River Through the Mountains, filmado como encomenda do Festival Hancheng, na China. Um cineasta que filma com gesto romântico e explora uma ideia de "blues" chinês, sem precisar da cábula Wong kar-wai....
Na competição internacional, a vitória foi para La Chutte, de Boris Labbé, da França, enquanto João Viana, venceu o prémio de melhor documentário, com Madness, um pesadelo moçambicano que de documental tem muito pouco.