"O Cabedelo é uma das melhores ondas de Portugal"
Se há protagonista que toda a gente espera que brilhe no Allianz Figueira Pro deste fim de semana (1 a 3 de junho) é a própria onda do Cabedelo. Um spot com história, no qual se disputaram mundiais de surf na década de 90, quando o festival da World Surf League em Peniche não era ainda sequer uma miragem. E falar do Cabedelo é também falar de Nuno Trovão.
O selecionador nacional de body- board Nuno Trovão autodefine-se, aos 44 anos, como um waterman; alguém que nasceu numa prancha de bodyboard mas que também faz surf e SUP (stand up paddle). Um surfista que, embora tenha a paixão das viagens, não troca a Figueira da Foz e as suas ondas por mais nenhuma. Sobretudo o Cabedelo.
"Vivo a cinco minutos a pé do Cabedelo. Mudei-me para a Margem Sul [do Mondego] para poder estar mais perto desta praia que, mais do que a minha favorita, é a minha segunda casa", explica, como que dando conta do episódio mais recente de uma história de amor que o une à onda mais conhecida da Figueira da Foz e que começou nos finais da década de 80: "Nasci em Buarcos e cresci numa altura em que o surf teve a explosão em Portugal. Estamos a falar dos anos de 1989 ou 1990, de um grupo de amigos em pranchas de esferovite, que foi beber à primeira geração de surfistas da Figueira. E esses aprenderam com os turistas australianos e americanos que chegavam à cidade em carrinhas para surfar as direitas compridas das nossas praias."
"Na Figueira sempre tivemos a cultura do "cacete", das ondas grandes, e crescemos a surfar o Cabedelo grande e, mais tarde, a Nazaré, especialmente a praia do Norte", recorda Trovão, que foi um dos pioneiros da praia que Garrett McNamara, quase 20 anos mais tarde, haveria de colocar nas primeiras páginas do mundo.
Mas, com uma tradição tão grande, o que explica que a Figueira tenha tão poucos surfistas a competir ao mais alto nível, na Liga Meo? O nome de Ivo Cação é o único que vai marcando presença nas folhas de heats da competição. Nuno Trovão tem uma explicação: "Falta escola de competição na Figueira. Temos muitos e bons surfistas mas todos mais vocacionados para o free surf e para ondas boas do que para os campeonatos. Não temos projetos de competição, o que motivou um dos poucos treinadores que tivemos, António Fernandes, a mudar-se para Lisboa para trabalhar com a Academia Profissional de Surf do David Raimundo [atual selecionador nacional de surf]. Por que talentos temos vários."
Ironicamente, a Figueira é um dos centros históricos do surf competitivo em Portugal. E a razão é simples. "O Cabedelo é uma das melhores ondas de Portugal e uma das mais consistentes. Temos ondas surfáveis na Figueira 360 dias por ano e com qualidade. Basta dizer que a etapa da Liga Meo do ano passado foi considerada a melhor em termos de ondas e foi disputada em pleno verão! Mas já vi pelas previsões que vão ter, mais uma vez, excelentes ondas para o Allianz Figueira Pro. E ainda bem, pois é importante para o turismo e para o surf da cidade ter aqui esta importante competição."