O Bando saltou todo para o palco

Chama-se Abstenção a nova peça do grupo de teatro O Bando sedeado em Vale de Barris, Palmela. Todos os atores são da companhia e alguns não costumam estar no palco...
Publicado a
Atualizado a

Ao contrário do que é usual nos espetáculos do Teatro O Bando, divididos entre romances e poesias, a nova peça que amanhã sobe à cena tem "princípio, meio e fim", como a retrata João Brites, responsável pela encenação e dramaturgia de Abstenção. Fala de medos de mudança, num cenário que se confunde com um labirinto, mas que também pode ser uma prisão. Afinal, as dezenas de tubos, pretos de um lado e brancos do outro, traduzem uma aldeia do interior. Novidade a reter: é a primeira vez que O Bando, fundado em 1974, leva a cena uma obra onde os seis atores pertencem ao núcleo base da companhia. Sem necessidade de recrutar no exterior do Vale de Barris (Palmela), onde o grupo está "aquartelado" na serra da Arrábida.

João Brites começa por explicar que as aparências até podem iludir quando se espreita o título da peça. Não é por se chamar "Abstenção" que a obra é mais ou menos política do que outras levadas à cena por estas paragens. Mas sim, tem carga política, ainda que metafórica.

O texto Cruzeiro, de Abel Neves, aborda os brandos costumes ou a iminência da rotura. "Chamamos-lhe Abstenção porque é um texto que poderia ilustrar um país parecido com o nosso, apesar de estarmos numa aldeia, onde as pessoas daquela família acabam por não conseguir tomar posição", revela o dramaturgo, que procura mostrar como por vezes se "associa brandos costumes a alguma indiferença, mas é antes o medo das pessoas face à mudança, face a comprometerem-se com alguma coisa que desconhecem".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt