O aliado de Putin que vai tentar devolver o título mundial à Rússia
O duelo entre o russo Boris Spassky e o norte-americano Bobby Fischer pelo título mundial ficou como um marco da Guerra Fria, nos anos 1970, e é sempre usado como o exemplo supremo da importância do xadrez no tabuleiro da geopolítica mundial. Apesar da vitória de Fischer em 1972, o jogo continuou a evoluir sobretudo sob a influência da antiga escola soviética e o Kremlin nunca descurou a importância do desporto-ciência como uma forma de afirmação da Rússia.
Por isso, a vitória de Serguei Kariakin no Torneio dos Candidatos, que terminou na segunda-feira em Moscovo - e que lhe vai permitir disputar o título mundial, em novembro, contra o norueguês Magnus Carlsen, em Nova Iorque -, foi celebrada com a devida pompa na capital russa, onde Vladimir Putin pode acenar orgulhosamente o jovem grande mestre como nova bandeira patriótica no tabuleiro das relações internacionais.
Kariakin já era, de resto, um dos rostos panfletários do regime de Putin, que o usou como aliado mediático na anexação da Crimeia, em 2014. Nascido em 1990 em Simferópol, capital administrativa daquela república que era então parte do território ucraniano, Serguei Kariakin optou em 2009 por mudar-se para Moscovo e ficar com a nacionalidade russa, beneficiando do apoio do Kremlin, que lhe concedeu casa e colocou instalações de treino e uma rede de treinadores à disposição do prodígio que, aos 12 anos e 7 meses, se tornou o mais jovem grande mestre de sempre no mundo do xadrez - um recorde que ainda detém (Magnus Carlsen, por exemplo, "só" lá chegou aos 13 anos, 4 meses e 27 dias).
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