Novos exercícios militares de Taiwan após ameaças da China

As forças de Taiwan usaram munição real durante os exercícios militares.
Publicado a
Atualizado a

O exército de Taiwan levou a cabo, esta quinta-feira, novos exercícios militares com munição real depois de a China terminar com as suas manobras e de repetir a ameaça de tomar o controlo da ilha.

Lou Woei-jye, porta-voz do Oitavo Corpo do Exército de Taiwan, disse à AFP que as suas forças dispararam projéteis e sinalizadores como parte de um treino de defesa, realizado na manhã desta quinta-feira.

O exercício, na área mais ao sul da ilha, Pingtung, teve duração de uma hora. Na terça-feira, uma ação similar aconteceu no mesmo local.

A China condenou a viagem a Taiwan da presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a principal autoridade americana a visitar a ilha em décadas. O exército chinês respondeu a esta visita com vários dias de exercícios marítimos e aéreos ao redor de Taiwan, o que aumentou a tensão na região.

Taiwan acusou a China de usar a visita de Pelosi como pretexto para treinar uma possível invasão da ilha.

O exército de Taiwan minimizou, no entanto, a importância das suas manobras militares e afirmou que os exercícios estavam programados há muito tempo, antes dos organizados pela China.

"Temos dois objetivos com as manobras: o primeiro é certificar as condições adequadas de artilharia e a sua manutenção. O segundo é confirmar os resultados do ano passado", disse Lou.

O exercício desta quinta-feira aconteceu depois de a China anunciar o fim de suas manobras, com a afirmação de que as forças do país "concluíram com êxito várias tarefas" no Estreito de Taiwan. No mesmo anúncio, a China disse que "continuará com o treino militar e a preparar-se para a guerra".

No mesmo dia, o gabinete para os assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, fez saber que Pequim "não renunciará ao uso da força" e reserva "a opção de tomar todas as medidas necessárias".

"Estamos preparados para criar um vasto espaço para a reunificação pacífica, mas não deixaremos espaço para atividades separatistas", indicaram.

O ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan pronunciou-se esta quinta-feira contra o modelo "um país, dois sistemas" que Pequim propõe para a ilha.

"Todo pronunciamento chinês vai absolutamente contra o status quo (entre China e Taiwan) e a sua realidade", declarou a porta-voz do ministério, Joanne Ou. "A China utiliza a visita de Nancy Pelosi como desculpa para destruir o status quo e aproveita a oportunidade para gerar problemas, tentando criar um novo normal para intimidar o povo taiwanês", acrescentou.

Ao mesmo tempo, o gabinete para os Assuntos de Taiwan do Partido Comunista da China afirmou esta quinta-feira, em comunicado, que as "ações rebeldes (de Taipé) são uma bofetada na cara e não podem deter a tendência histórica de reunificação" com a China continental.

Em Washington, Nancy Pelosi defendeu na quarta-feira a sua visita ao afirmar que está "muito orgulhosa" da sua delegação e que a China utilizou a sua presença como "pretexto" para iniciar os exercícios militares. "Não permitiremos que a China isole Taiwan", declarou Pelosi.

Taiwan organiza com frequência exercícios militares nos quais simula a defesa contra uma invasão chinesa e, em julho, treinou repelir um ataque marítimo numa "operação conjunta de intercetação".

Depois do anúncio do fim das manobras da China, o exército taiwanês afirmou que iria ajustar a forma como iriam deslocar as suas forças "sem baixar a guarda".

Desde a década de 1990, a ilha passou de uma autocracia para uma democracia e desenvolveu uma identidade taiwanesa particular.

As relações entre as duas partes pioraram desde 2016, quando chegou ao poder a atual presidente Tsai Ing-wen, cujo Partido Progressista Democrático não considera Taiwan como parte da China.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt