Empate sofrido do Benfica rumo ao Jamor
O futebol é assim: belo para uns e cruel para outros. Os jogadores do Famalicão deixaram o campo em lágrimas, após empatarem com o Benfica (1-1), num jogo em que tudo fizeram para ganhar e ajudaram a glorificar Vlachodimos. Os adeptos encarnados bem podem agradecer ao guarda-redes a presença no Jamor no dia 24 de maio.
O Benfica, que tinha ganho na Luz por 3-2 no jogo da primeira mão das meias-finais, vai estar pela 37.ª vez numa final da Taça de Portugal, competição na qual é recordista, com 26 títulos (o Sporting tem 17 e o FC Porto 16). A última presença aconteceu na época 2016-17, quando as águias bateram no jogo decisivo o Vitória de Guimarães por 2-1, numa temporada em que conseguiram a dobradinha (juntaram o campeonato à Taça).
O adversário da final vai sair do vencedor do jogo desta quarta-feira entre o FC Porto e o Académico de Viseu (ficou 1-1 na partida da primeira mão). Caso os dois rivais marquem presença no jogo decisivo, Benfica e FC Porto voltam a encontrar-se numa final 16 anos depois - em 2003-04, temporada em que os dragões se sagraram campeões europeus, as águias venceram o FC Porto por 2-1, num jogo decidido após prolongamento.
Depois de ganhar vantagem na Luz no jogo da primeira mão (3-2), Bruno Lage fez três alterações na equipa em relação ao jogo com o FC Porto: Tomás Tavares, Florentino e Cervi. O jovem médio já não jogava desde o dia 21 de dezembro (jogo com o Vit. Setúbal, para a Taça da Liga), mas mereceu a confiança do técnico, que estava privado da utilização de Gabriel (o herói do jogo da primeira volta, que marcou o golo da vitória aos 90'+ 5'), a contas com um problema oftalmológico. Já Weigl estava convocado mas não apareceu na ficha de jogo.
Do lado do Famalicão, João Pedro Sousa fez regressar "a melhor equipa" após as poupanças no jogo da I Liga (equipa perdeu por 7-0 com o Vit. Guimarães). O técnico dos famalicenses mudou dez jogadores e só manteve Gustavo Assunção. A equipa ambicionava fazer história e qualificar-se para a final da Taça de Portugal pela primeira vez. Talvez por isso o início do jogo ficou marcado por alguma precipitação a sair para o contra-ataque em vez de optar pela construção e pelo ataque apoiado.
O Benfica também não entrou bem e Bruno Lage dava mostras de que não gostava das bolas perdidas e dos passes mal medidos. O treinador pedia calma e inteligência a decidir e Rubén Dias ouviu-o. Foi preciso sangue-frio e também alguma categoria individual do central benfiquista para impedir que Toni Martínez se atrevesse a fazer o primeiro golo aos 20 minutos.
Apesar de não serem muito consistentes no ataque, os encarnados chegaram ao golo com a ajuda das fragilidades defensivas do Famalicão. Riccieli errou um passe numa saída de bola e Pizzi acaba a fazer o golo após um fantástico toque de calcanhar do argentino Cervi. Um golo com nota artística que parecia dar alguma tranquilidade à equipa...
A equipa de João Pedro Sousa precisava agora de marcar pelo menos dois golos ao campeão nacional para poder inverter o rumo da eliminatória. A missão não era impossível, até porque no jogo da primeira mão marcara dois golos na Luz, mas tornava a tarefa hercúlea. Algo que não travou o ímpeto nortenho. Aos 33 minutos Toni Martínez colocou a a nu a má forma de Ferro e só um elástico Vlachodimos impediu que o espanhol marcasse e empatasse o jogo. Minutos depois o guarda-redes grego voltou fechar a baliza. Diogo Gonçalves entrou na área sem pedir licença, passou por três jogadores do Benfica e só foi travado pelo guardião.
Estava vivo o jogo antes do intervalo e ainda iria ficar mais. Aos 45 minutos, o Famalicão chegou mesmo ao golo, por Patrick William, mas o árbitro anulou o lance com ajuda do VAR. O lance é confuso. Na marcação de um livre, Rubén Dias escorrega, Vlachodimos sai em falso e Williams coloca a bola no fundo da baliza, mas o lance foi anulado por for a de jogo de Gustavo Assunção. De repente, o jogo ficou quentinho e os da casa perdiam três oportunidades de golo antes de ir para o balneário.
A segunda parte começou com Vlachodimos a impedir o golo do Famalicão. Em quatro minutos, Diogo Gonçalves, Pedro Gonçalves e Racic levaram o perigo à baliza encarnada, onde o guarda-redes se assumia como o melhor em campo. Isso mostrava a riqueza do jogo do adversário, que nunca recuou nas intenções de discutir o resultado e um lugar no Jamor.
O Benfica parecia tolhido das ideias, órfão da genialidade de Rafa e Pizzi e do oportunismo de Vinícius. Bruno Lage gesticulava no banco, mas a mensagem não chegava ao campo e o Famalicão ia-se instalando no meio-campo das águias. Cada lance levava frisson à área encarnada e aos 78 minutos os nortenhos chegaram ao tão desejado e já merecido golo. Toni Martínez, após cruzamento de Diogo Gonçalves, voltou a explorar as fragilidades no lado esquerdo da defesa do Benfica e fez o empate (já tinha marcado na Luz). Já tinha sido pelo lado de Grimaldo que o Benfica tinha comprometido no Dragão (derrota, por 3-2) no sábado passado.
Curiosamente, foi depois de conseguir chegar ao empate que os homens de João Pedro Sousa se desconcentraram e perderam boas ocasiões com remates disparatados. O nervosismo final acabou por ajudar o Benfica, que chegou à baliza pela segunda vez no jogo num remate de Seferovic aos 90'+2'.
O jogo acabou logo depois com os jogadores do Famalicão em lágrimas e os do Benfica a festejar a presença no Jamor.
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