Dez pistas para perceber os resultados das legislativas

PS falhou maioria absoluta mas multiplicaram-se as soluções de aliança governativa. PSD ficou perto do seu pior resultado. CDU igualou mínimo de 12 deputados obtido em 2002. CDS só por um deputado não volta a ser "partido do táxi".
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PS de António Costa obtém 106 deputados, mais 20 do que em 2015. Mesmo que conseguisse os quatro deputados por atribuir pela emigração (improvável) nunca chegará aos 116, a maioria absoluta. É mesmo assim o quarto melhor resultado socialista de sempre, atrás das duas vitórias de António Guterres e da primeira vitória de José Sócrates, única maioria absoluta do PS. Tem vários parceiros de governação possíveis, mas agora basta-lhe o Bloco de Esquerda ou o PCP para negociar uma maioria. Abstenção da esquerda também permite ao PS governar, pois tem mais deputados do que a soma da direita.

PSD de Rui Rio fica-se pelos 77 deputados (com o círculo da emigração pode chegar aos 79 ou 80). Perdeu uma dezena de deputados em relação a há quatro anos, quando concorreu coligado com o CDS. Não é o pior resultado de sempre. Já com o Parlamento a atribuir 230 deputados, o PSD só conseguiu 75 em 2005, quando foi encabeçado por Santana Lopes.

Bloco de Esquerda repete os 19 deputados de 2015. O seu apoio, caso aconteça, só por si garantirá a governação socialista, mas, por outro lado, deixa de ser vital.

CDU igualou o pior resultado de sempre em legislativas, os 12 deputados de 2002. Jerónimo de Sousa admitiu "perdas". É o único partido da esquerda a perder votos com a geringonça.

CDS só consegue cinco deputados, tantos como em 1991 e mais um dos em 1987, quando ganhou o epíteto de "partido do táxi", vítima das maiorias absolutas do PSD de Cavaco Silva. Assunção Cristas já disse que deixará a liderança.

PAN passa a ter quatro deputados. E passa também a entrar nos cálculos governativos do PS, se bem que não com o mesmo relevo que teria se Costa tivesse ficado à beira da maioria absoluta.

Iniciativa Liberal, Chega e Livre entram no Parlamento, cada um com um deputado. Novidade absoluta nos três casos.

São dez os partidos na nova Assembleia da República (CDU elegeu pelo PCP e pelos Verdes). Em termos de forças eleitas (nove, incluindo uma coligação) é o recorde, mas o parlamento de 1980 contava também com dez partidos.

O Chega elege um deputado por Lisboa e pela primeira vez um partido com um discurso populista e xenófobo entra no Parlamento.

A direita passa a ter quatro partidos na Assembleia da República, mas só soma 84 deputados (pode chegar a 86 ou 87 com a emigração). Em 2005 também se ficou pelos 87, coincidindo com a maioria absoluta do PS. Com 230 deputados, o mínimo histórico de deputados da esquerda foi de 89 em 1991, quando o PSD repetiu a maioria absoluta de 1987.

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