Dez pistas para perceber os resultados das legislativas
PS de António Costa obtém 106 deputados, mais 20 do que em 2015. Mesmo que conseguisse os quatro deputados por atribuir pela emigração (improvável) nunca chegará aos 116, a maioria absoluta. É mesmo assim o quarto melhor resultado socialista de sempre, atrás das duas vitórias de António Guterres e da primeira vitória de José Sócrates, única maioria absoluta do PS. Tem vários parceiros de governação possíveis, mas agora basta-lhe o Bloco de Esquerda ou o PCP para negociar uma maioria. Abstenção da esquerda também permite ao PS governar, pois tem mais deputados do que a soma da direita.
PSD de Rui Rio fica-se pelos 77 deputados (com o círculo da emigração pode chegar aos 79 ou 80). Perdeu uma dezena de deputados em relação a há quatro anos, quando concorreu coligado com o CDS. Não é o pior resultado de sempre. Já com o Parlamento a atribuir 230 deputados, o PSD só conseguiu 75 em 2005, quando foi encabeçado por Santana Lopes.
Bloco de Esquerda repete os 19 deputados de 2015. O seu apoio, caso aconteça, só por si garantirá a governação socialista, mas, por outro lado, deixa de ser vital.
CDU igualou o pior resultado de sempre em legislativas, os 12 deputados de 2002. Jerónimo de Sousa admitiu "perdas". É o único partido da esquerda a perder votos com a geringonça.
CDS só consegue cinco deputados, tantos como em 1991 e mais um dos em 1987, quando ganhou o epíteto de "partido do táxi", vítima das maiorias absolutas do PSD de Cavaco Silva. Assunção Cristas já disse que deixará a liderança.
PAN passa a ter quatro deputados. E passa também a entrar nos cálculos governativos do PS, se bem que não com o mesmo relevo que teria se Costa tivesse ficado à beira da maioria absoluta.
Iniciativa Liberal, Chega e Livre entram no Parlamento, cada um com um deputado. Novidade absoluta nos três casos.
São dez os partidos na nova Assembleia da República (CDU elegeu pelo PCP e pelos Verdes). Em termos de forças eleitas (nove, incluindo uma coligação) é o recorde, mas o parlamento de 1980 contava também com dez partidos.
O Chega elege um deputado por Lisboa e pela primeira vez um partido com um discurso populista e xenófobo entra no Parlamento.
A direita passa a ter quatro partidos na Assembleia da República, mas só soma 84 deputados (pode chegar a 86 ou 87 com a emigração). Em 2005 também se ficou pelos 87, coincidindo com a maioria absoluta do PS. Com 230 deputados, o mínimo histórico de deputados da esquerda foi de 89 em 1991, quando o PSD repetiu a maioria absoluta de 1987.